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Opinião
23/11/2008 - 09h06
O médico e o governador
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

O diálogo entre o dermatologista Davi de Lacerda e o governador José Serra - que teria aconselhado o médico a deixar o emprego no Hospital das Clínicas de São Paulo, onde seu salário base é de R$ 414 mensais, podendo chegar a R$ 1,5 mil com as gratificações - é a prova do pouco caso com que as autoridades tratam a saúde neste país. Mesmo carregando no seu currículo uma festejada passagem pelo Ministério da Saúde, o inquilino do Palácio dos Bandeirantes não consegue esquecer sua fria predileção por números e a do seu partido pela política do achatamento salarial do funcionalismo.

Se o Dr. Lacerda - experimentado médico com especializações no exterior - seguir o conselho do governador, perdem o Hospital das Clínicas e principalmente a população que não pode pagar pelos seus serviços particulares ou através de convênios. Mas existem centenas, talvez milhares de outros profissionais que atuam em hospitais, ambulatórios e pronto-socorros que, com o salário ofertado cada dia mais defasado, são obrigados a ter três ou quatro empregos para, deles, fazer um com que possam sobreviver. Aí está motivo de tanta reclamação no serviço público de saúde e da evasão das melhores cabeças, muitas delas prestando seus serviços no exterior.

Os sucessivos governos neo-liberais privatizaram as mais rentáveis organizações estatais construídas durante décadas com o dinheiro do contribuinte (Banespa, Cesp, Vasp, ferrovias e rodovias), e fazem de tudo para acabar com o funcionalismo público, único e efetivo patrimônio que ainda resta ao Estado. E o dinheiro recebido nas vendas, onde foi parar? Não deve ter servido para muita coisa, pois a malfazeja política de achatamento salarial e falta de investimentos já sucateou a educação, a segurança pública e a saúde básica, setores que o Estado tem a obrigação constitucional de prover, mas não o faz adequadamente.

Os governantes responsáveis não podem se esquecer sua transitoriedade. Em quatro ou, no máximo, oito anos, eles deixarão o mando do país, do estado ou do município. Mas a máquina pública continuará, pois é permanente e não depende das próximas eleições. Infelizmente, nos últimos tempos, a cada governo que sai, a administração pública e seus serviços (os que os governantes ainda não conseguiram privatizar) restam mais enfraquecidos e distantes de atenderem suas finalidades.

Quem teve a oportunidade de viver décadas atrás, quando o contribuinte recebia serviço público de qualidade, é testemunha do justificado orgulho do funcionário em trabalhar para o governo e poder prestar um serviço à comunidade. Lamentavelmente, tudo isso virou passado. Os planos mirabolantes de governos insensatos, que priorizam as obras físicas e eleitoreiras, encolhem a remuneração do servidor público de todos os níveis e os governantes ainda festejam a desestruturação. Daí a idéia de que a reeleição é a pior coisa instituída neste país. Em vez de cumprir seu dever de governar, os eleitos passam o mandato buscando se reeleger. São Paulo está, agora, vendendo a Caixa Econômica, mas o histórico das privatizações autoriza a pensar que isso em nada ajudará o Estado a cumprir sua tarefa de governo. Apenas emagrecerá o patrimônio do povo paulista...

Acorda, Brasil, antes que eles consigam acabar com tudo!


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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