Mais desagradáveis do que os excessivamente quietos, aqueles cuja voz é quase desconhecida e que nos colocam diante de um silêncio constrangedor, são os indivíduos incapazes de ouvir. A carência de generosidade em relação ao outro e a ansiedade em verbalizar tornam a convivência enfadonha. Eles lá, ensaiando um monólogo e você na platéia, vendo e ouvindo. Sem participação, sem brecha, quase um psicanalista. Quem nunca passou por isso atire o primeiro par de tampões de ouvido, por gentileza. Falar é bom, eu adoro uma prosa, um bate-papo. Com certeza já aluguei muita gente com meus desabafos, mas uma coisa é certa: pode me procurar, fale que eu o escutarei. Sou boa ouvinte, o que considero uma virtude. Gosto de ouvir até demais, desconfio que errei de profissão. Como jornalista daria uma boa psicóloga. Para ouvir não é preciso ser especialista, é necessário apenas boa vontade. Calar as vozes internas, desenvolver o altruísmo e doar-se. Observo pessoas que reclamam de solidão mas não conseguem movimentar-se em direção ao próximo. Estão ensimesmadas, desejam atenção e afeto, mas não recebem pois nada oferecem. Relacionamento é troca, onde todos ganham e ninguém precisa cobrar, já que tudo ocorre naturalmente. Aprenda a compartilhar para não acabar falando sozinho, ouvindo apenas sua voz. Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista.
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