As últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos, além da escolha de Barack Obama para ocupar a Casa Branca a partir de janeiro do próximo ano - o primeiro presidente negro e o 44º a ocupar o posto daquele país - foram marcadas por um outro fato igualmente histórico. Em um país onde a votação é espontânea, nada menos do que 70% dos 44 milhões de jovens deixaram suas residências para votar, e a grande maioria no candidato eleito. Sem dúvida, um exemplo de cidadania para todas as nações do mundo, inclusive para nós, brasileiros. Os Estados Unidos enfrentam hoje aquela que é considerada a maior crise após o crach de 1929, que levou o mundo à depressão, assim como acontece nos dias atuais, embora em menores proporções. Milhares de pessoas, adultos, velhos e jovens sofrem com a queda da renda, o desemprego em massa e com a falta de perspectivas positivas para os próximos anos. Um cenário sombrio como o atual era de se esperar que os norte-americanos dessem às costas para a política, em um gesto de reprovação, como acontece nas pesquisas ao atual presidente George W. Bush. E nada disso seria de se estranhar, afinal, seria muito mais fácil deixar as coisas como estão e até mesmo piores. Mas não. Não na visão dos norte-americanos, que arregaçaram as mangas em 1929 e se puseram a trabalhar para a reconstrução do país e de sua economia, levando-o a potencia que ainda é hoje no mundo. Mas desta vez o gesto, nada simbólico, mais sim real, veio dos jovens, que sentiram que eles serão, a médio e longo prazo, os mais prejudicados com a crise se ela se arrastar por longos anos. As chances de emprego serão reduzidas para milhões deles, e a falta de perspectiva futura em nada ajudaria a nação a se recuperar. Em um paralelo com a juventude brasileira, embora em escalas e proporções diferenciadas, o ato dos jovens norte-americanos nos faz lembrar o movimento dos “caras pintadas”, formado por estudantes que no início dos anos 1990 saíram às ruas do Brasil afora para pedir o impeachment do presidente Fernando Collor de Melo. Um momento histórico para o Brasil, vindo da força jovem presente nas ruas, protestando contra as falcatruas. Mas desde então, os brasileiros voltaram a se recolher, a protestar muito pouco por um país melhor, mais justo, mais digno e com condições de trabalho, estudo e educação apropriados. O exemplo dos jovens norte-americanos, numa demonstração natural, pessoal e de comprometimento com o futuro de seu País poderia ser tomado pela atual juventude de nosso País. A melhoria das condições de vida e social para os próximos anos e décadas vai refletir sobre eles. As gerações mais velhas têm a perder, mas não tanto quanto a de nossos filhos e netos, portanto, se o Brasil precisa mudar para melhor, o potencial de transformação está nas mãos dessa nova geração. Cabe a cada um analisar e refletir sobre o que esperam e almejam daqui a dez ou vinte anos. Errar nas escolhas faz parte do processo de amadurecimento da democracia. Agora, errar por omissão, pelo silêncio, não justifica as lamentações. A mudança depende de cada um. É possível mudar sim! O recado parece claro. E é preciso que este exemplo permaneça latente em um processo contínuo de participação. Jovens do mundo, aprendam a lição. É possível mudar para acertar. Mude! Nota do Editor: Carlos Francisco Valverde (carlos@grupovalverde.com.br) é sócio da rede imobiliária Campinas Secovi e consultor imobiliário Internacional.
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