Começo a escrever lembrando que o amor não é para ser pensado. O amor é para ser vivenciado. Uma experiência que justifica a existência. Porém há amores e amores. É sobre isso que penso e escrevo nessa manhã de domingo. Não preciso pesquisar para saber que há amores que edificam os amantes e amores que os destroem. Quando amo desejo o melhor para o amado e nisso não há altruísmo é conseqüência natural do sentimento. É bom que deixe claro que não falo do amor idealizado. Não sou tão elevada a ponto de não sentir ciúme e de abrir mão facilmente do desejo de ser amada para que o outro busque outra pessoa para amar. Se amo e me sinto feliz, naturalmente pretendo continuar assim e me ressinto se o ser amado não está inteiramente comigo. Mas, sei desistir: “se você não mais me ama, pode seguir". Eu vou chorar, espernear, porém me refaço e sigo em outra direção. Pode levar um tempo, como cantou Lulu Santos, mas um dia deixa de “ferir por dentro”. Enquanto isso razão e emoção brigam dentro de mim causando um maremoto. Ansiedades, tensões, depressão, ousadias, desvarios, medos e desejos convivem por longo período. Um dia o mar interior acalma-se. É quando reflito sobre o amor que constrói e o amor que destrói. O amor construtivo permite o crescimento do outro, respeita as suas limitações, alimenta a relação, protege o ser amado. O amor que destrói, se é que se pode chamar de amor tal sentimento, é competitivo, relapso e controlador. Há quem pense amar aquele que lhe ofereça alguma vantagem (não necessariamente material) e ao mesmo tempo o faça sentir-se poderoso na relação. Se o esquema deixa de funcionar passa-se a usar armas contra quem se diz amar. Eu não sei como você ama, mas sei como eu amo. Quando amo sou generosa, leal, afetuosa e ardente. Sou também exigente quanto à reciprocidade desse amor. Não gosto de amores platônicos. Não sei amar assim; mas há quem saiba. Não gosto de amores baseados em mentiras: há quem se alimente disso. Sou exigente quanto ao contato físico, não aprendi amar sem praticar o amor; há quem se satisfaça sem o encontro de corpos: eu (ainda) não. O amor no qual acredito é o amor integral dentro dos limites humanos. O amor que faz com que eu guarde pequenas lembranças que simbolizam o crescimento do homem amado. O amor que deixa um gosto bom na boca e que me orgulhe de ter vivido ao final, porque o amor pode acabar, mas se foi amor verdadeiro não deixa amargo, no dia seguinte, o paladar. Nota do Editor: Evelyne Furtado é cronista e poetisa em Natal (RN).
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