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Opinião
29/11/2008 - 15h04
Estratégia para tirar proveito da crise
José Leão de Carvalho
 

Quem pense estrategicamente terá de considerar na paisagem futura uma freqüência mais intensa de crises na economia do país central e no próprio sistema. No ambiente de negócios, na mídia e nos círculos políticos, ainda predomina entre nós a tendência a olhar essas crises somente como nuvens negras. Mas será que elas constituem apenas ameaças?

A crise da economia americana gerada em decorrência da ficção que encharcava o mercado imobiliário daquele país tanto poderá ser contida quanto poderá agravar-se. Para o caso de a segunda hipótese evoluir, os observadores do lado de cá prevêem, quase unânimes, o acirramento da competição no mercado internacional.

Seja qual for a paisagem futura da economia mundial e até para ser coerente com os impulsos internos, dos quais o Plano de Aceleração do Crescimento é o mais sintomático, faz-se oportuna uma estratégia para tirar proveito da crise do sistema.

Duas identidades são decisivas nesse processamento: o governo e o ambiente empresarial.

No governo, têm de ser considerados os ministérios da área econômica, o das Relações Exteriores e agora o Ministério de Ações de Longo Prazo, que absorveu o Núcleo de Assuntos Estratégicos. Se o governo quiser desenvolver uma estratégia para a paisagem futura que a cada dia fica mais nítida, terá de reconstruir seu papel perante o ambiente de negócios e a sociedade como um todo. A transformação consiste em deixar de ser um guichê para converter-se em um agitador cultural com clareza de objetivo.

Já os círculos empresariais poderão deixar sua relação incestuosa e ao mesmo tempo mal-agradecida com o Estado para viabilizar a revolução cultural que a nova estratégia vai exigir. Os negócios ganharão muito mais do que se permanecer o atual medo de mudanças, clima psicopolítico que só tem produzido queixas de comadres. Os círculos empresariais, ao engajar-se na estratégia, serão ao mesmo tempo seus beneficiários.

No primeiro momento os contingentes executivos, tanto os da administração pública quanto os do ambiente de negócios, talvez não se apressem em perceber a oportunidade de tal estratégia. É que, mesmo nos níveis mais elevados de escolaridade, são influenciados pelo olhar da mídia que só está conseguindo enxergar a realidade com a óptica global. Nada de errado em haver assimilado um "olhar vindo de fora", mas não pensar a partir de dentro é um tapa-olho que só oferece a realidade incompleta e, no caso, dificulta à mente despedir-se de táticas defensivas para gerar uma estratégia.

Por ser uma atitude heurística da inteligência, a estratégia não é um joguinho bem comportado que se enquadra em fórmulas ou procura se justificar com demonstrativos da realidade. Destina-se a alcançar o que se afigura impossível, a vencer o invencível.

Por isso, na situação aqui enfocada, o desafio modal poderá ser enunciado no diapasão: "Como a economia brasileira poderá tirar proveito da retração dos grandes mercados compradores".

O processamento desse desafio levará à necessidade de criar, interna e externamente, uma imagem de país diferenciado e diferenciador, capaz de acrescentar diferenciais e atrativos a tudo que ofereça. E o nome desse milagre é Inovação.

O núcleo dessa estratégia só poderia mesmo ser Inovação. Mas o que é Inovação? A pergunta não visa desqualificar o que se conceitua nos países centrais, que é um velho sermão salvador e sensibilizador, nem o que majoritariamente se oferece no Brasil, quase sempre uma aula copiada de uma leitura deslumbrada e acrítica.

É de uma ingenuidade auto-sabotadora imaginar que prover recursos seja suficiente para incentivar inovação na sociedade brasileira. O poder público terá que desenvolver uma "diplomacia intrafronteiras" e ousar o papel de agitador cultural não só junto aos círculos empresariais, mas no conjunto da sociedade. Se não envolver todas as camadas sociais, tudo será mais difícil e mais lento.

Para isso, será preciso alimentar e capitalizar uma mística interna. Não serão necessários artificialismos. Uma leitura antropológica mostrará disponibilidades que poderão ser capitalizadas.

A estratégia terá que ser respaldada mediante a metodologia do pensar inovador e cuidar de gerar uma ecologia que realimente os processos e atitudes.

E nunca é abusivo lembrar: estratégia não é só para o longo prazo.


Nota do Editor: José Leão de Carvalho é presidente e diretor metodológico do Ilace (www.ilace.org.br).

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