Acordou com uma sensação de que o dia seria diferente. Sorriu, disse bom dia para a própria imagem no espelho, tomou um banho e saiu. A manhã foi cheia de compromissos, não que geralmente fosse diferente, mas aquela manhã soava como o prenúncio de um dia único. Decidiu almoçar e enquanto saboreava o salmão, perguntava-se há quanto tempo não dedicava atenção à própria vida. Não sabia responder. Então sorriu por dentro e decidiu aproveitar cada minuto de sua companhia. Pensou na vida, na família, no trabalho, no futuro. Certificou-se de que a solidão às vezes nos ajuda a reencontrar o caminho do qual as adversidades da vida acabam por nos desviar. Algumas palavras ao telefone e o resto do dia já estava programado. Do restaurante, seguiu para o segundo compromisso do dia. Pessoas diferentes, assuntos diferentes, novos horizontes e, de repente, a nostalgia de discussões que já não faziam parte de seu cotidiano se foi, estava novamente problematizando fatos e discutindo soluções para os sistemas comuns. Uma pausa para o café. Novamente um turbilhão de idéias. Pensa, pensa, pensa. Sim, existe! Outra bateria de discussões. Questionamentos, divagações, antagonismos. O mundo das idéias se mostrava ali novamente, irresistível como sempre, encantador como nunca. Nova pausa. Saudade, lembrança, família, futuro, medo. Os riscos da vida adulta. Melhor voltar às discussões. No pensamento, um dia atípico. Sentimento? Realização. E depois, cotidiano. Nota do Editor: Renata Alves é jornalista.
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