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Opinião
09/12/2008 - 15h13
O policial e as drogas, tudo por um triz
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

As sérias informações sobre a inadmissível dependência de drogas e o alcoolismo entre policiais, divulgada a partir de dados do Centro de Assistência Social e Jurídica da Polícia Militar de São Paulo, constituem verdadeiro libelo da crise que acomete a tropa e merecem profunda reflexão e medidas governamentais urgentes. Estudos científicos apontam diretamente, como causas dos desvios de conduta, os maus salários e as condições inadequadas de trabalho que, somadas com a audácia das ações do crime organizado, levam o policial para a fuga nos psicotrópicos e na bebida. Uma verificação mais aprofundada certamente identificará esse mesmo problema como causa do grande aumento dos casos de depressão e suicídios.

O policial, outrora orgulhoso do perigoso e relevante serviço que presta à sociedade e satisfeito com a remuneração recebida (suficiente para manter condignamente sua família e viver em paz), hoje é um indivíduo deficitário e obrigado a usar suas horas de descanso para fazer bico como segurança de estabelecimentos ou de pessoas e assim poder pagar suas despesas. Ainda, sofre o estresse de ser literalmente caçado pelos desafetos da polícia, cada dia mais ousados. A farda que, no passado, lhe dava segurança, hoje tem de ser escondida.
 
O governo precisa entender definitivamente que a obrigação de dar segurança à população é sua, assim como a responsabilidade de manter as polícias em funcionamento e capazes de enfrentar a criminalidade. Nas últimas décadas, os governos fizeram ouvidos moucos à escalada do crime, ensejando a formação de facções e grupos que hoje dominam bairros, becos e vielas até de médias e pequenas cidades e constituem o poder paralelo em todo o sistema prisional. Paralelamente, foi negligente na reequipagem das polícias e principalmente na atualização salarial e proteção social e psicológica da classe. Deu no que deu; a crise está instalada.

O policial é um profissional diferenciado, de alto nível, e assim tem de ser encarado tanto pela sociedade quanto pelo Estado-patrão. Sua formação custa ao Estado pelo menos um ano de treinamento remunerado pois tem de estar física e mentalmente preparado para manejar armas e equipamentos que matam e apto a tomar decisões em fração de segundo. A Polícia Militar de São Paulo é o centro de excelência que produz esse profissional tanto para São Paulo quanto para outras unidades da federação. Mas, o dia-a-dia, cada vez mais violento e ameaçador, o acaba jogando na vala comum e gerando o resultado que agora chega ao conhecimento público a partir das informações do próprio serviço social da corporação.

Vivemos o desequilíbrio. O crime se fortalece, por inércia e omissão do Estado, e as polícias perdem seus componentes que, maltratados e acuados, caem nas garras da droga, da bebida e da desmotivação. Algo de muito urgente tem de ser feito para reposicionar os pratos dessa desconfortável balança. O inerte Estado não pode se permitir a perda dessa luta, jamais... Estamos por um triz.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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