O assunto é sério. Juro que tentei. Mas não agüentei... Reunião de emergência no Departamento de Compras do Ministério. Sobre a mesa, dezenas de pênis de borracha. Pequenos, médios e grandes. Rosas, brancos, negros, vermelhos e lilás. Com pilha e sem pilha. Com pelo e sem pelo. Começa a reunião. - Muito bem, precisamos escolher o modelo de pênis de borracha para os kits de educação escolar. Como é só para colocar o preservativo, não precisa de frescura. Portanto esses que vibram podem ser descartados. - Ah, chefe e esse com pêlos podemos descartar. É muito feio. - Que tal este branco? - Hummmm.... Branco, não sei. Vão dizer que é racismo. - Bem, então que tal aquele pretão ali? - Não. É assustador! - Aquele mulatinho? - Não. Não pode ter nenhuma cor que se identifique com questões raciais. - Vamos com o vermelho? - É de índio. - O amarelo? - Japonês! - O azul. - Azul? Pênis azul? Onde já se viu? Vai parecer que tá doente, pô! - Bom só se for incolor. Transparente. - Tem? - Tem. Tá aqui ó. E o vendedor tira da mala um pênis de trinta e cinco centímetros. Todo mundo arregala os olhos. Dona Rosa grita: - Quiquié isso! - Olha, todos os outros nós temos em tamanho pequeno, médio e grande. Mas o transparente só tem neste tamanho aqui, que a gente chama de “êxtase”. - É... tá me parecendo meio... excessivo... - Eu gostei! - Dona Rosa, o que é isso? A senhora é casada há trinta anos! - Por isso mesmo. Eu gostei! - Bem, não podemos escolher por gosto pessoal. A questão aqui é técnica. Alguém tem alguma sugestão? - Chama o Ministro! - Bom, o tamanho tem que ser 16 centímetros. - Quem disse? - Chefe, isso é estatístico! É a média do brasileiro. - Ah! (E todos reparam na expressão de tristeza do chefe...) - E a cor tem que ser cor-de-rosa. - Cor-de-rosa? Mas logo rosa? Não é meio fresco? - É que o rosinha é meio infantil, sabe? As crianças não vão estranhar. - Como assim? Um bitelo desses pode ter qualquer cor que as crianças vão estranhar! - É. Mas o cor-de-rosa vão estranhar menos. - Eu gostei! - Dona Rosa! - Tá bom. Vamos lá. Precisamos de cinco mil pênis cor-de-rosa, com dezesseis centímetros de comprimento. - E o diâmetro? - Como assim? Que é que tem? - Tem fino, médio e grosso! - Você tá me tirando... - É verdade! - Ah, sei lá. Vai o médio mesmo. - Tá bom. Cinco centímetros. - Ah. (Nova expressão de tristeza...) - Quanto vai custar isso? - Olha, nessa quantidade tem desconto. Vejamos... Cinqüenta mil reais pelo lote. - Tá saindo a dez reais cada um. - É. Não está bom? - To achando muito barato. São de borracha? - Silicone! Olha só a consistência. Parece de verdade! - E de onde vêm? - Ué, da China! - China? Pênis chinês? - Que é que tem? - Quando a imprensa descobrir vai cair matando! Tem que ser meidinbrazil! - Ah, mas aí só de borracha. E piquinininho. E naquela tarde chega ao Pronto Socorro um vendedor... digamos... “engasgado” com um objeto não identificado. De borracha. - Ô loco, meu! - É doutor... Ainda bem que é meidinbrazil... Nota do Editor: Luciano Pires é jornalista, escritor, conferencista e cartunista. Faça parte do Movimento pela Despocotização do Brasil, acesse www.lucianopires.com.br.
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