Stress, excesso de trabalho, congestionamento, poluição. E mais: problemas ligados à saúde física e emocional são apontados como os principais vilões desse diagnóstico
Pelo menos é o que mostra pesquisa Mosaico Brasil, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo - USP. No total, foram ouvidos 8237 pessoas, entre homens e mulheres, com mais de 18 anos e moradores de dez capitais. Na média nacional, 20,5% dos homens e 23,6% das mulheres se dizem insatisfeitos com o sexo que praticam. São Paulo obteve o maior índice de avaliação da vida sexual entre regular e péssimo, com 25,4% dos homens e 29,1% das mulheres insatisfeitas, enquanto Cuiabá, o menor índice: 13,8% dos homens e 21,2% das mulheres. Segundo o estudo, o paulistano não considera o sexo como o principal fator para uma boa qualidade de vida, tanto que ele ocupa o quarto lugar para os homens e o terceiro lugar para as mulheres entre dez itens sobre o tema, perdendo para alimentação saudável, convivência com a família e prática de exercícios. Quanto à questão do desempenho, os paulistanos temem decepcionar a parceira. Apenas, 38,5% são confiantes e 60,9% têm preocupação freqüente com o assunto. Por outro lado, o maior fantasma ainda é a possibilidade de falhar na hora "h". Mais de 55,3% dos homens têm algum grau de dificuldade de ereção. Os dados da pesquisa são confirmados pelo Dr. Carlos Araújo Pinto, diretor do Instituto Paulista para Tratamento da Disfunção Erétil Masculina, apenas com uma ressalva: a qualidade de vida proporcionada pelo relacionamento sexual é fundamental para quase 100% dos pacientes do instituto. "Entre os 20 mil pacientes que já passaram pela clínica, a preocupação com a satisfação da parceira é fundamental para a grande maioria", afirma. "Os homens se preocupam quando os remédios não funcionam, e também quando as relações sexuais não dão certo devido a algum distúrbio", ressalta. Para o Dr. Pinto, as principais causas dos distúrbios sexuais são doenças como o Diabetes, que representam cerca de 80% dos casos, abuso no consumo de álcool e drogas, mas eles também podem ser gerados por questões psicológicas como ansiedade e depressão, comuns em grandes centros urbanos, conforme aponta a pesquisa. Segundo o especialista, um paciente que possuía disfunções eréteis há muito tempo e não conseguia manter relacionamentos com as mulheres, optou por mudar sua opção sexual, passando a conviver com um parceiro que tinha os mesmos problemas. Após o falecimento de seu companheiro, o rapaz procurou o instituto, realizou o tratamento adequado que lhe possibilitou um desempenho sexual normal, e pode voltar a se relacionar com mulheres. "Quando ele retornou ao consultório, meses depois, e me disse que havia voltado a ter relacionamentos com mulheres, foi possível concluir o quão importante é o relacionamento sexual na vida das pessoas. Infelizmente, por falta de informação, muitos homens adaptam suas vidas, convivem com diversos problemas sexuais, sem saber que pode existir tratamento e que, em alguns casos, trata-se de um procedimento muito simples", diz o doutor. Ainda de acordo com a pesquisa da USP, um ponto positivo observado é que o total de pessoas que conversam sobre sexo em família corresponde a 57,9% entre os homens e 60,6% entre as mulheres. Prova disso é o número de mulheres que hoje levam seus parceiros a procurarem um especialista no assunto com o objetivo de melhorar seus relacionamentos. Só no Instituto Paulista, mais de 40% dos pacientes atendidos foram encaminhados por suas parceiras ou, pelo menos, foram incentivados por elas. "O segredo para uma vida a dois ninguém sabe ao certo, mas, com certeza, está relacionado com uma vida sexual ativa com o parceiro de modo a propiciar a harmonia do casal", finaliza o doutor.
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