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“Minha alma vai sair de viagem”. Foi essa a frase que me levou a ler “Versalhes, O Refúgio da Última Rainha”, de Kathryn Daves, que já mereceu textos sobre a minha simpatia por Maria Antonieta. Hoje peço emprestada a frase para falar das viagens da minha alma. Uma alma com muitos quilômetros rodados, que trago aqui em breves trechos. A minha alma grita e quando ela grita eu escrevo. E transbordo de lágrimas ou de indignação essas páginas. Às vezes a dor é intensa e as palavras fluem com a mesma intensidade. Em outras exponho um momento breve, porém rico para mim, seja de júbilo ou de dor. A necessidade de escrever é antiga, mas a coragem de mostrar é recente. Eu preciso do outro olhar, principalmente quando me encontro momentaneamente isolada, como nos últimos dias. A imobilidade, conseqüente do pé fraturado, torna-me ainda mais sensível. A minha janela não tem uma vista como a de James Stewart, no filme de Hitchcock para acompanhar crimes no vizinho. Resta-me a tela, o teclado e a minha visão interior. Sou privilegiada. Tenho amigos e familiares, mas escrevendo eu realizo a catarse. Faço questão de alertar a quem vier a ler esse texto, que nem sempre escrevo exatamente como aconteceu. Em meus textos tem um pouco da veia de escritora, que não sou, pois que sou aprendiz. Mas a minha forma de lidar com os sentimentos é tão clara quanto pode ser. Não uso outros meios nessa catarse e me exponho de verdade. Assim, sem precisar, justifico quando minha alma sai de viagem e chega aqui. Nota do Editor: Evelyne Furtado é cronista e poetisa em Natal (RN).
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