Sou míope mas tenho ouvido de tuberculoso, além de ser observadora. E vez ou outra escuto umas bobagens que me deixam perplexa. O que me resta é escrever para, ao menos, desabafar. Em meus textos faço alusões, vez ou outra, a certas doenças, que não são contemporâneas - embora alguns insistam em dizer que são - e por isso costumo ser confundida com pessoas que cultivam obsessões por certos desajustes da mente, entre elas, a depressão. Vou usar uma frase emprestada de uma amiga: “eu não tenho depressão, as pessoas me deprimem”. Sei que é fácil terceirizar o problema e dizer que a culpa é de outras pessoas, mas no meu caso, especificamente, costuma ser! Não sou depressiva, sou apenas uma pessoa sensível que gosto de estudar o tema e por esse motivo escrevo a respeito. E escrevo sobre outras coisas também. Mas se considero o assunto pertinente e com isso ajudo algumas pessoas, ótimo, excelente! Gosto de psicologia, de psiquiatria e não vejo mal algum em discorrer sobre tais temas. E já que mencionei problemas relacionados à mente, gostaria de esclarecer uma coisinha. Acho muito interessante a inversão que existe em certas situações, quando um sujeito é agredido emocionalmente, ultrajado, tratado sem o mínimo de respeito, obrigado a engolir mil sapos e um belo dia reage. E com fúria, porque ninguém consegue ser escravo da boa conduta em todos os momentos. E lá vem as más-línguas, cheias de fel, que mal conseguem administrar suas cabecinhas e querem julgar a vida alheia. “Ah, cuidado, ela é maluca, muito nervosa!” Ah, certamente! Bonzinho demais é massacrado e se bobear fica estirado numa cama sem chance de reagir. Comigo não, violão! Um último comentário a respeito do comportamento humano que me choca. Pessoas superficiais que não enxergam além das aparências. Outro dia levei um baita tombo na rua e uma pessoa veio me ajudar. Não vou dar nome ao boi para não ficar chato. Este ser primitivo chamou minha atenção por eu ter caído, disse que não estava vendo sangue jorrar, portanto eu não estaria sentindo nada. Acontece que nem tudo o que dói é perceptível e algumas feridas são mesmo ocultas. É preciso enxergar além, perceber nuances para compreender o que o outro sente, seja física ou emocionalmente. Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista.
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