Sono de noite passada mal-dormida. Nova madrugada e o sono só aumenta. Os olhos teimam em fechar, o corpo pede descanso. Distraio-me com um violão alheio, vozes doces que cantam mentiras e um copo d’água do lado.

Se eu não me importasse tanto com certas coisas... O sono viria tranqüilo e a noite seria mais longa. Não há por aqui nenhuma bebida destilada que me console, não há braços ou gentileza. Enquanto estou sentada aqui, penso nas coisas que fiz levada por um sentimento maior que qualquer outro que eu tenha vivido antes, penso no que farei daqui para frente. Antes parecia tudo certo, mas agora...

Só vou dormir porque já não agüento. Prefiro me deitar assim. Quando a embriaguez de Hypnos não me dá tempo para pensar. Caso contrário a cabeça não pára. Imagino demais, me aflijo de um jeito que chega a doer a garganta. Um nó que forma e desata só depois do choro.

Daqui a pouco a claridade do sol atravessa a cortina e repousa sobre mim. Ah como eu gostaria de acordar menos estúpida, menos sonhadora, não queria mais sentir essa dor no peito, ser mais racional, mais lógica, sem talvez, sem desejos impossíveis, sem amor gratuito, sem ter aqui dentro um alguém que me faz perder o sono e sonhar acordada!

Chega de cantoria, a água acabou e o sono já é o bastante para que eu durma antes que caia a segunda lágrima. Boa noite. Até amanhã.

Nota do Editor: Juliana Luz é jornalista.