Não foi um ano qualquer. Vivi em 2008 emoções fortes. Naveguei com calmaria, vento bom e tempestade. Fui acariciada, afrontada e confortada. Chorei e ri. Vi o chão fugir dos meus pés e senti braços amigos me sustentando. Alguns bateram a porta na despedida; outros chegaram com presentes. No balanço, somei amigos. E que amigos! Sonhei. Vi sonhos crescendo e outros ruindo. Adaptei-me às mudanças de planos e ao fim constato que o saldo é bastante positivo. Às portas do ano que chega, sinto-me mais forte, mais mulher, mais íntegra. A dor que a alma sentiu, refletiu no corpo, mas a cada dia dói menos. As cicatrizes ainda estão comigo e conservo o cuidado ao pisar. Valeu a pena, pois se alma apequenou-se diante das tormentas, alargou-se com os abraços, a ousadia, a irmandade, a coragem, o perdão e a verdade. Foi dessa forma que cruzei o Bojador. No limiar de 2009 o coração bate em allegro ao perceber o quanto venci e a vitória maior vem com a filha que se formou em arquitetura com louvor. Conquista dela que chega a mim e adoça o coração. Nada prometo para o próximo ano, porém chegarei lá mais segura e dando graças a Deus. Será com sal e mel que continuarei recebendo os que moram em meu coração. Nesse momento me despeço de qualquer traço amargo e pinto com alegria e esperança meu cartão de Feliz Ano Novo que envio a vocês, desejando saúde, amor e paz. "Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu."
(Fernando pessoa, em “Mar Português”) Nota do Editor: Evelyne Furtado é cronista e poetisa em Natal (RN).
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