As montadoras de automóveis estão no centro de uma grande crise. Nos Estados Unidos estão pedindo dinheiro ao governo para manter a produção de carros grandes, pesados e beberrões. No Brasil estão recebendo um monte de incentivos e redução de impostos para manter as vendas de carros. Ou seja, o modelo de negócios delas está em xeque, não se mantém sem um grande apoio do governo. No entanto estas empresas não fazem investimentos de fato na busca de inovações em seus produtos. Por aqui o que se chama de grande avanço é a produção de motores flex, que podem consumir álcool ou gasolina em qualquer proporção.

No entanto, apesar de toda a renúncia fiscal do governos (diga-se subsídios da sociedade para o setor), os publicitários não conseguem respeitar esta mesma sociedade que garante seus salários. Fiquei Muito surpreso ao ver o grande “garoto propaganda” do país, Fausto Silva (que ninguém se recorde do “Perdidos na Noite”, onde ele começou com jornalismo de primeira) fazendo publicidade de uma montadora com o seguinte slogan: “Quem é brasileiro vai de Chevrolet”.

Quer dizer que quem não tem um Chevrolet não é brasileiro? E esta palavra, “chevrolet” quer dizer o que mesmo em português? Eu não sei, mas sei que enquanto as montadoras fabricam carros que em quase nada se diferenciam dos modelos de 30 ou 40 anos atrás a indústria de TI faz avanços importantes em inovação e redução de preços. Não há diferença significativa em termos de economia de combustível e redução de impactos ambientais, sociais e urbanos nos veículos de hoje e dos anos 70 do século passado.

Por que não temos ainda carros mais leves, mais seguros, menos impactantes? Por que ainda não temos veículos urbanos fazendo mais de 30 ou 40 quilômetros por litro de gasolina? Por que não temos veículos capazes de reduzir acidentes por excesso de velocidade ou colisões frontais automaticamente?

Carros são uma grande conquista da humanidade. No entanto, enquanto continuarmos a vê-los não apenas como um meio de transporte, mas como extensão do ego, não vamos conseguir uma maneira de conviver tranquilamente com ele.

As montadoras estão fazendo os carros crescerem. Todos os modelos compactos, de mil cilindradas, estão maiores do que nos anos 90. Este certamente não é um caminho para a sustentabilidade nos transportes individuais.

Nota do Editor: Dal Marcondes é diretor de redação da Envolverde e Jornalista Amigo da Infância da Agência ANDI de Notícias.