A doença hemorroidária, popularmente conhecida como hemorróida, é muito mais freqüente do que se imagina. Estima-se que de 50 a 70% da população acima de 50 anos já tiveram, têm, ou terão algum episódio relacionado. Embora mais comum a partir dos 40 anos de idade, indivíduos de qualquer faixa etária, de ambos os sexos, podem desenvolver hemorróidas. É importante deixar os tabus de lado e encarar a doença de frente. A cura e o tratamento são simples na fase inicial, mas tornam-se mais complicados à medida que o tempo passa e a situação se agrava. Conseqüência da congestão e dilatação dos vasos sanguíneos localizados no canal anal, as hemorróidas são provocadas por constipação intestinal rotineira, dificuldade para a eliminação de fezes secas e endurecidas, esforço físico exagerado, obesidade e gravidez, assim como predisposição familiar. Um hábito muito comum que pode causar ou agravar sintomas da doença é a leitura prolongada durante a evacuação, por forçar a região anal. Os casos desencadeados na gravidez podem desaparecer naturalmente após o nascimento do bebê. Isso acontece pela habitual tendência à constipação intestinal na gestação, redução da circulação sangüínea e aumento de peso. O esforço exigido no parto normal também contribui para o aparecimento da doença. Os principais sintomas das hemorróidas são sangramentos, desconforto ao evacuar, além de coceira e dor na região anal. Qualquer destes problemas deve ser levado ao conhecimento médico. Sem o tratamento adequado, os sintomas podem evoluir sendo cada vez mais freqüentes, e chegando a quadros mais graves, como prolapsos e tromboses hemorroidárias, que podem levar à necessidade de cirurgia de urgência. Outro dado preocupante é que os sintomas iniciais das hemorróidas são semelhantes aos de doenças ainda mais graves, como o câncer de reto e do canal anal, cujo diagnóstico precoce é vital. Confirmada a doença hemorroidária, o tratamento clínico é indicado em boa parte dos casos e inclui reeducação alimentar, uso de reguladores intestinais e pomadas. A cirurgia é realizada quando estas medidas não são suficientes. O procedimento cirúrgico é relativamente simples e rápido, em que são retirados os mamilos hemorroidários doentes. O paciente não precisa ficar mais do que 24 horas internado, e em até 90 dias a cicatrização é total. Mesmo pacientes que já passaram por tratamento, quer clínico ou cirúrgico, devem estar constantemente atentos, pois a doença pode reincidir. Para prevenir o aparecimento da doença ou amenizar os sintomas já existentes, o primeiro passo é atenção para a dieta. Ela deve ser rica em fibras, com muitas frutas, verduras e grãos integrais. Também é essencial a ingestão freqüente de líquidos e redução na utilização de condimentos, favorecendo o bom funcionamento intestinal sem uso de laxantes. A higienização é também muito importante. Procure substituir o uso do papel higiênico por uma limpeza com água e sabão, sempre que possível. E atenção: jamais utilize receitas caseiras ou faça uso de automedicação. Estas medidas só retardam o diagnóstico, adiando o início do tratamento e agravando o quadro. Nota do Editor: Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.
|