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Opinião
16/01/2009 - 05h01
A alma dos negócios
Percival Puggina - Parlata
 

Meu artigo anterior sobre Cuba suscitou mensagens de contrariedade procedentes de leitores que enaltecem a cinquentenária revolução. Duvido que tenham visitado a ilha porque quando a gente vai e sacode o discurso na peneira dos fatos, o que resta, além de um país em ruínas e cacarecos, é pouco, muito pouco, pouco mesmo.

Garganteiam que o Índice de Desenvolvimento Humano de Cuba (0,855) é superior ao brasileiro (0,807). Convenhamos que essa diferença de 0,048 não significa grande coisa quando a gente conhece a realidade verde-amarela. E note-se: para aceitar essa pequenina diferença é preciso acreditar que as informações cubanas sejam verídicas, o que constituiria um caso singular, pois os comunistas, sabidamente, mantêm com a verdade uma relação de conveniência. Tal suspeita se ampliou em mim, após conhecer e estudar Cuba, porque não combina com o que se observa, lá e cá, o fato de o IDH cubano equivaler, por exemplo, ao do Rio Grande do Sul. Fica difícil engolir.

No entanto, ainda que se tomem como verazes tais números, soa válido o que me disse um senhor de idade a quem indaguei a respeito enquanto conversávamos, sentados à amurada do Malecón – “Si uno no está estudiando ni enfermo, todo lo demás es una mierda”. Com efeito, o resultado de cinco décadas de totalitarismo comunista, numa ilha privilegiada pela natureza, com população igual à do Rio Grande do Sul e metade do PIB, resulta pífio. Sabe por que, leitor? Porque para proporcioná-los o governo comunista de Cuba remunera o trabalho de seu povo com um salário médio de US$ 10 mensais e se apropria da quase totalidade da renda nacional. É o bem-estar da senzala. Assim até eu.

Perdoem-me, então, os pedagogos e professores brasileiros que vão a Cuba, gostam do que vêem e chutam o balde da geração e transmissão do conhecimento em benefício da tal “formação para a cidadania”. O que praticam não é educação e tem nome: estupro ideológico das mentes juvenis. A educação cubana, constitucionalmente comprometida com a formação de uma sociedade comunista não tem como ser boa.

Já a propaganda é outra coisa. Até eu caí nessa quando anos atrás me apresentaram um casal cujo marido sofria de retinose pigmentar. Gente humilde. Ela servente, ele guarda noturno. A enfermidade lhe destruía a visão e tinham ouvido que em Cuba isso tinha cura. Orientei-os sobre como proceder com vistas a obter ordem judicial para o tratamento, acompanhei o processo e lá se foram eles para Havana. O SUS pagou a viagem do casal, os procedimentos médicos, o tratamento posterior e a alimentação. Um dinheirão.

E daí? Bem, eles voltaram estarrecidos com a miséria que viram. Funcionários do Hospital Camilo Cienfuegos passavam nos quartos dos estrangeiros indagando se podiam levar para suas famílias o que eventualmente restava da alimentação servida. Ao obterem alta, a senhora deixou com as servidoras as próprias roupas. Uma granfina brasileira? Não, gente humilde daqui escandalizada com as carências de lá. E o marido? Inutilmente retornou mais tarde à ilha. A doença seguiu seu curso, conforme haviam advertido oftalmologistas brasileiros. Mas a propaganda, ora, a propaganda é a alma dos negócios também no comunismo.


Nota do Editor: Percival Puggina (www.puggina.org) é arquiteto e da Presidente Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública. Conferencista muito solicitado, profere dezenas de palestras por ano em todo o país sobre temas sociais, políticos e religiosos. Escreve semanalmente artigos de opinião para mais de uma centena de jornais do Rio Grande do Sul.

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