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Opinião
22/01/2009 - 11h02
Hora de ajustar as velas
Rodrigo Constantino - Parlata
 

A esperança é a grande falsária da verdade.” (Baltazar Gracian)

O brasileiro é conhecido por seu otimismo. Não importa a gravidade da situação, ele sempre acha que tudo vai acabar bem. Afinal, Deus é brasileiro! Uma das máximas preferidas no Brasil é “deixar a vida levar”. E assim o país segue sem rumo definido, sem fazer as reformas necessárias. O “gigante adormecido” acaba hibernando, em vez de acordar para exercer todas as suas potencialidades.

Com a crise atual não poderia ser diferente. O presidente Lula chegou a chamar a crise de “marolinha”, em vez de começar os preparativos para enfrentar um possível maremoto. O otimismo como estilo de vida pode ser melhor para a saúde do que o pessimismo crônico, uma patologia que faz suas vítimas desejarem o fim do mundo. No entanto, o realismo ainda é uma conduta bem mais racional do que o otimismo infundado. Como resumiu William George Ward, “o pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas”. Ficar paralisado diante do perigo apenas esperando que ele vá embora é a receita certa para a desgraça. Foi Confúcio quem expressou de forma brilhante isso: “É melhor acender uma pequena vela do que praguejar contra a escuridão”.

Diante de uma crise com a gravidade desta atual, parece inevitável sofrer conseqüências dolorosas. Não há muito que fazer quanto a isso. Mas há algo a fazer para mitigar seus efeitos, e isso tem que ser feito! O excesso de otimismo é capaz de causar mais dano do que o pessimismo, já que a precaução tende a ser colocada de lado. E a precaução é fundamental. O governo brasileiro, aguardando apenas uma “marolinha”, evita medidas drásticas que poderiam preparar o país para enfrentar aquela que poderá ser a mais grave crise desde a Grande Depressão. Faz pior na verdade: anuncia aumento de gastos públicos, até mesmo com propaganda!

Compare-se esta postura com aquela adotada pelo governo de Cingapura. Lá, o governo irá cortar os salários dos principais funcionários públicos e dos ministros. Seus salários são atrelados ao desempenho econômico, criando um incentivo para a eficiência. A queda poderá chegar a 20% em 2009. Cingapura ostenta o segundo lugar no ranking de liberdade econômica do The Heritage Foundation, atrás apenas de Hong Kong. O país conta com ampla abertura comercial, elevada flexibilidade trabalhista, carga tributária reduzida, sistema regulatório transparente e burocracia bastante limitada. Abrir um negócio em Cingapura leva apenas quatro dias. Com este ambiente amigável aos negócios, o pequeno país, sem recursos naturais, conseguiu chegar a uma renda per capita próxima de US$ 50 mil, uma das maiores do mundo. A crise vai afetar duramente o país. Mas eles já estão fazendo os ajustes necessários para evitar o pior.

O governo brasileiro caminha na contramão. É preciso ter em mente que a crise mundial pode ser muito grave e duradoura. O fluxo de investimentos estrangeiros poderá secar, as exportações vão sofrer bastante com a queda da atividade econômica mundial, e o protecionismo comercial será um risco cada vez maior. Fechar os olhos para estes riscos e sonhar com uma mudança no quadro não irá alterar a realidade. O governo tem que agir, e rápido, de forma a criar um dinamismo próprio para a economia brasileira. Existem tantos obstáculos ao funcionamento do livre mercado no país que algumas reformas estruturais já poderiam criar as condições para um “descolamento”. Mas todo ajuste exige esforço e não costuma ser indolor. Qualquer um que já fez uma dieta séria sabe disso. Mas o resultado compensa!

O que nosso governo poderia fazer então? Eis uma sugestão: focar seriamente nas reformas tributária, previdenciária e trabalhista. Esses três pilares são fundamentais para reduzir os empecilhos criados pelo próprio governo ao crescimento econômico. A carga tributária precisa ser reduzida e os impostos devem ser simplificados. O rombo previdenciário precisa ao menos ser estancado, sinalizando uma reversão na tendência explosiva atual. E por fim, as leis trabalhistas de inspiração fascista necessitam de uma flexibilização urgente. Com essas medidas, a economia brasileira estaria bem mais preparada para enfrentar a crise.

Como diz um provérbio chinês, “espere o melhor, prepare-se para o pior e receba o que vier”. O brasileiro não precisa jogar fora sua característica de enxergar o copo sempre meio cheio, em vez de meio vazio. Mas esse otimismo não pode anular a capacidade de se preparar para o pior. Vamos esperar que os ventos mudem logo de direção. Mas enquanto isso não acontece, que tal ajustar as velas?


Nota do Editor: Rodrigo Constantino é economista formado pela PUC-RJ, com MBA de Finanças no IBMEC, trabalha no mercado financeiro desde 1997, como analista de empresas e depois administrador de portfolio. Autor de dois livros: Prisioneiros da Liberdade, e Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT, pela editora Soler. Está lançando o terceiro livro sobre as idéias de Ayn Rand, pela Documenta Histórica Editora. Membro fundador do Instituto Millenium. Articulista nos sites Diego Casagrande e Ratio pro Libertas, assim como para os Institutos Millenium e Liberal. Escreve para a Revista Voto-RS também. Possui um blog (rodrigoconstantino.blogspot.com) para a divulgação de seus artigos.

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