Há sempre alguma controvérsia sobre as escolhas dos editores entre as notícias de maior destaque, porque se acredita que a maioria dos leitores se deixa influenciar mais pelas manchetes do que pelos detalhes das reportagens. Existe algum fundamento nessa teoria, embora o crescimento do número de pessoas que se informa preferencialmente pelos meios digitais esteja provavelmente reduzindo o poder de influência da mídia impressa. Além disso, há quem diga que a influência sobre a opinião do público não ocorre diretamente pelo discurso objetivo do jornal ou revista, podendo acontecer até o contrário, ou seja, uma manchete pode produzir num grande número de leitores um efeito oposto ao que foi pretendido. Mais importante, no entanto, é a manutenção de determinados temas em destaque, pois é isso que supostamente mantém o interesse do público. Por essa razão, é interessante observar como o Globo e a Folha de S.Paulo noticiaram a iniciativa do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de fixar limites mais rigorosos para os veículos, para forçar a redução da emissão de gases do efeito-estufa. Razões da troca A meta anunciada pelo governo americano é diminuir as emissões em 40%, e as indústrias automobilísticas têm 18 meses para se adaptarem. O tema também freqüentou a conversa telefônica entre Obama e o presidente do Brasil, Lula da Silva. Segundo relatam os jornais, o presidente americano se mostrou interessado em fazer avançar a parceria com o Brasil sobre biocombustíveis, como parte da estratégia que o Globo chama de "agenda verde". O leitor atento há de constatar que essa notícia pode influenciar diretamente a disposição dos investidores estrangeiros com relação ao Brasil, a se confirmar o interesse de Obama pela indústria brasileira de etanol. O noticiário dos jornais não costuma fazer essas correlações. Na internet, a tecnologia remete o leitor diretamente para os vários contextos em que determinado acontecimento pode ser analisado. Na imprensa de papel, ele depende do eventual interesse do editor em ampliar o leque de interpretações. Talvez seja esta uma das razões pelas quais um grande número de leitores esteja trocando a imprensa tradicional pelas mídias digitais.
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