Uma leitora escreveu-me me recomendando que lesse mais gibis e me preocupasse menos com as coisas da política. Juro que tentei seguir o conselho e vi, no domingo passado, o filme BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS. É a forma atual de se ver gibis. E que gibi! O fato é que o mal está em todo lugar e numa obra de arte dessa envergadura não poderia faltar o desgraçado. Está lá inteiro incorporado no Coringa, uma forma de mal absoluto. Seu único propósito é destruir, é a loucura do desfazer, é a negação da Criação. Como se vê, caro leitor, não há onde se esconder da desgraça, estamos todos no mesmo barco, à deriva. Mar revolto, envolto em brumas, mar escuro noite a dentro. Estou pensando em fazer como Dom Quixote e ir me esconder em Sierra Morena. Nossa Serra Negra, nos altos da Mantiqueira, poderia bem servir de bom refúgio se lá tivessem pastores para fazerem a caridade de me prover o sustento. Mesmo nos gibis do telão não escaparemos ao encontro marcado. No último artigo comentei o discurso de posse de Barack Obama, o novo Faraó. Não tem nenhum plano, exceto agigantar o Estado. Chegou ao poder por um acaso da Fortuna e não tem a vontade nem o talento do estadista. Não se propõe a administrar o real, propõe-se a gerenciar o dia-a-dia com base nos preconceitos da esquerda degenerada, enfrentando a conjuntura ao deus-dará, supondo sempre que o poder de Estado pode ser usado ao bel-prazer, para todos os fins. O fato é que não pode. Ou melhor, pode, mas ao preço de agravar a situação Bem fez o governo de Israel que mandou bala impiedosamente nos loucos do Hamas um mês antes da posse do Faraó. Se Israel quisesse começar a limpeza hoje teria a censura do governo de Obama. É o primeiro sinal da grande mudança da política nos EUA que ele encarna. Em poucos dias, com determinação inexorável, as forças de Defesa de Israel reduziram o Hamas a uma condição aquém do operacional e também reduziu a sua condição de sobrevivência política no curto e médio prazos. Ainda bem que os estrategistas judeus enxergaram o óbvio. Saúdo sua vitória e seu descortino. O problema agora será como enfrentar o Irã e sua ameaça nuclear. Com Obama nas alturas a coisa ficou mais difícil. O governo iraniano compõe a gangue do Coringa. Quer pôr fogo no mundo. Se deixar, vai conseguir. O problema é que o Coringa agora está também no coração do poder mundial. Tempos de grandes perigos. Obama começou mal, aprovando verbas para abortos e proibindo tortura. Pelo que eu sei os EUA subscreveram todos os tratados internacionais que banem a tortura, de sorte que a sua ordem é perfeitamente inócua. Com relação ao aborto, a história mostra que esse maldito programa contra a Vida foi criado no início do século XX nos EUA com propósitos eugenistas, especificamente para “controlar” a população negra. Há uma cruel ironia nessa decisão em face de sua condição de mulato. Se bem que é verdade que a praga abortista contra a Vida voltou-se contra seus criadores e está a dizimar velozmente a população branca. Um merecido castigo dos céus. Ler gibis não é fuga e nem consolo, mas ajuda a ver a realidade como ela é. Não resolve a minha angústia, todavia, embora aumente a acuidade visual. O negócio é planejar minha fuga para a Serra Negra. Vou arrumar um pangaré e chamá-lo de Rocinante. Um gesto de loucura, certamente, mas ao menos terá seu valor poético. Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação Nacional de Livrarias.
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