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SEÇÃO
Crônicas
31/01/2009 - 17h40
O galo cantou no poleiro da imaginação
Juliano Luís Pereira Sanches
 

O andar do galo é majestoso. O bicho cria várias funções para suas penas. As camadas de penas são coberturas, artesanatos vivos, molduras da natureza, amores bem-vividos. O galo canta para nos acordar. O ato de acordar é lento, mas é prazeroso quando bem vivido. O galo deixou a rotina no balaio e começou a ciscar. Gosta de brincar, pular, namorar, se divertir, festejar. Tem o costume diário de molhar o bico na fonte infinita do Universo. Canta a alegria enquanto dança com a euforia da vida, divertida e descontraída.

Acordar é um eterno reiniciar, um brilho para os olhos, uma força acessível ao nosso eu, uma arapuca para capturar as boas oportunidades do dia-dia, um céu aberto às experiências produtivas. É um processo consciente, mas também inconsciente. O galo é um guru do acordar, pois é conhecedor das técnicas de ruptura do véu da imobilidade e da ignorância. Sem se apegar, o galo passa pelos centros, terreiros, sentimentos e poleiros. Eis a criatura propensa ao hábito de conhecer. Aventureira e brincalhona como os espíritos das crianças. É livre como a nudez da natureza.

O galo sentou no poleiro e se pôs a meditar sobre a forma como tem se integrado ao galinheiro do mundo. Fez uma vibração no terreiro, depois de invocar o perdão incondicional às galinhas, aos frangos e a todas criaturas. Quando desafiado, o galo usa as esporas da sabedoria, para se esquivar, sem se envolver com a maldade alheia. Sabe ficar no seu canto, sem arder o bico com a pimenta da negatividade dos outros. Mostra as esporas e as asas, e abandona o terreiro quando chegam as aves vítimas. As vítimas geralmente se fazem de pequenas aves, com seus jeitos coitadinhos, mas, na verdade, querem apenas sugar as energias das demais aves. Com seu cocoricó, o galo espanta as sanguessugas. Faz uma forte higiene no ambiente.
 
O galo ginga nas situações de enrosco, sem se preocupar com os cocoricós do ontem e do amanhã. Os bichos admiram quando vêem os galos em pleno samba no terreiro, prontos para festejar as oportunidades da vida. Os animais se assumem e não se importam com as reclamações dos morcegos nem com as perseguições dos gaviões. Estão lá a desfilar. São portadores de um jeito matreiro. Risonhos como crianças, felizes por estarem sentados na esperança. Sem culpa ou medo, rodeiam o paiol e vão atrás das espigas da prosperidade. Vivem o ato de se bancar. Buscam seus objetivos, sem se preocupar.


Nota do Editor: Juliano Luís Pereira Sanches é jornalista, folclorista e poeta de Campinas. Foi repórter de assuntos gerais nos programas Sexta Cultural, Fractal, Jornal da Educativa e Bom Dia Campinas, da Rádio Educativa FM 101.9 (www.campinas.sp.gov.br). Atualmente, é apresentador, repórter e produtor do programa de jornalismo educativo Ponto & Vírgula da Rádio Educativa em parceria com a Secretaria de Educação de Campinas. Colaborador do Portal Sorocult (www.sorocult.com), e colunista do Jornalzen (www.jornalzen.com.br), de Campinas.

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