Em 2008 o Brasil experimentou o gostinho do crescimento econômico. Foi o tempo do acesso fácil ao crédito, da farra nas vendas de automóveis, eletrodomésticos e alimentos. As produções agrícola e industrial também viveram o seu auge. As bolsas recebiam investimentos de brasileiros que há pouco tempo não sabiam o que era comprar ações até que a cotação do dólar fez aumentar os preços das matérias-primas importadas, diminuir as exportações e aos poucos o rumo dos negócios mudou. Mesmo com estas adversidades, o ano fecharia com chave de ouro pois o nosso Presidente da República afirmava que a crise internacional não chegaria ao Brasil. Entretanto, ela aportou, e levou embora milhões de créditos investidos em bolsas de valores. Não bastasse a crise internacional e todos os efeitos em cascata na economia, o Estado de Santa Catarina quase perdeu o fôlego com as enchentes de verão. Mais um motivo para afastar o consumidor das compras. O mercado encolheu. O cenário mostra que a oferta é maior do que a demanda, desta forma não podemos fechar os olhos e remar sem destino nem estratégias. Temos um número reduzido de consumidores, os mercados são menores, eis que então temos mais desafios para conquistar os parcos clientes-alvo que estão cada vez mais informados sobre os produtos que desejam adquirir e conscientes das ações de compra, formando uma onda que chamamos de “neofrugalismo”. A crise trouxe um consumidor mais comedido com os gastos. Ele ainda faz poupança, pesquisa antes de comprar e busca benefícios tangíveis. Comportamento adotado pelos europeus e americanos já no final de 2007 quando as ondas da crise econômica internacional já devastavam seus bolsos. As decisões empresariais também devem ser mais disciplinadas. Com certeza, quem conhece sua própria estrutura, fragilidades e diferenciais, bem como seu mercado-alvo, já tem informações atuais para gerenciar as mudanças rápidas no cenário catarinense e terá condições de buscar novos nichos, criando o seu “oceano azul” como muito bem recomendou Cham Kim, já em 2005, no seu livro “A Estratégia do Oceano Azul”. Ao invés de brigar com seus concorrentes, crie um mercado somente seu! Utilize seus diferenciais e seja o melhor! A hora é de se concentrar no core business e aproveitar as oportunidades para aumentar os resultados. Se os consumidores estão mais exigentes você deverá oferecer produtos/serviços mais consistentes e experiência superior de marca que caiba nos bolsos de quem não tem crédito, salário estável e carrega consigo um olhar pessimista em relação ao futuro. Vencer este jogo é difícil, ganha quem fez caixa em época de bonança, conhece bem sua empresa, conhece bem seus clientes que cada vez mudam com maior velocidade seu comportamento irracional e difícil de entender. Ao contrário do pensamento convencional, épocas de crise são ótimas para proporcionar crescimento, e investir em novos mercados e consumidores ainda não encantados. Se não fosse o crash da bolsa de New York em 1929 provavelmente hoje não haveria a orientação filosófica de marketing que tem participação efetiva na maioria das empresas líderes de mercado no mundo todo. Que criemos nosso próprio “oceano”!
Nota do Editor: Letícia Marodin é assessora de marketing pela Comunnicare em Santa Catarina. Consultora parceira da New Marketing e professora de graduação de marketing.
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