No retorno das férias muitas mulheres trazem fora da bagagem um fungo que as acompanhará até nossa clínica ginecológica e, por se tratar de uma patologia tão comum, é possível o médico ouvir o início da queixa já com a caneta em punho, pois a "candida albicans" vem fazer visita à nossa cidade. Considerada uma DST (doença sexualmente transmissível), a candida é adquirida por contágio direto (relações sexuais) ou contágio indireto por toalhas úmidas e objetos, como roupas contaminadas. Há ainda fatores outros que colaboram no seu aparecimento, como: diabetes, antibioticoterapia prolongada (imunossupressão), uso de anticoncepcionais e - é claro - a gravidez. Certamente o corpo está focado no cuidado com o bebê e não tiraria férias, logo o pH vaginal deve ser mantido ácido para a proteção contra diversas bactérias. A grávida também apresenta um aumento do conteúdo glicogênico na vagina, induzido pelo aumento do estrogênio no epitélio vaginal, adequada ao desenvolvimento deste fungo. Nas relações sexuais, a mulher grávida está ainda exposta à contaminação por meio do parceiro. Em nosso meio, 5% das gestantes apresentam este fungo. Por isso, a consulta que seria mensal é antecipada com queixa de ardência, dor na relação, secreção branca (tipo leite coalhado) com placas brancas aderidas à parede vaginal, mas talvez as fissuras sejam a grande queixa da grávida - já habituada a um meio tão ácido - já o marido queixa-se de ardência pós relação. Ao exame clinico, o intróito vaginal apresenta-se vermelho com dor à micção (urinar). A gestante faz referência ao prurido (coceira). A candidiase apresenta-se sobre forma de hifas (placas brancas) ou esporos, formas mais resistentes que podem ser vistas no exame a fresco, na citologia oncótica (papanicolaou) ou cultura. Mas, considerando o lugar de férias e o plantão permanente do balconista da farmácia, a solução menos desastrosa é antagonizar um meio tão ácido usando bicarbonato de sódio em banho de assento ou iogurte ou a conhecida violeta degenciana a 2% com emborcações de algodão embebido. No retorno das férias, o tratamento para o marido é via oral e um creme vaginal para a gestante. Por isso, no verão a gestante deve usar roupas leves, se possível de algodão, com muito protetor solar para não ativar a melanina evitando manchas na pele, hidratantes, repouso de três horas por dia em três períodos, pois o bebê está a caminho em trabalho constante e não tem férias. Nota do Editor: Denise Coimbra é Ginecologista e Obstetra formada pela Santa Casa de SP, especialista em Saúde da Mulher, dispõe de dois sites: www.gravidezfacil.com.br e www.dradenisecoimbra.com.br
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