A produção industrial brasileira despencou 12,4% em dezembro em comparação com o mês anterior e 14,5%, se comparada ao mesmo mês de 2007. Em ambas as situações, foi a maior queda em 18 anos. Mais de meio milhão de lares brasileiros brindaram a entrada do novo ano com lágrimas amargas do desemprego. Cerca de 655 mil cidadãos terminaram 2008 demitidos de seu trabalho formal. A crise chegou com força ao Brasil, apesar do otimismo que ronda os arredores e interiores palacianos da Corte brasiliense. Um economista americano de renome disse que esta é “a mãe de todas as crises (...)”. O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA sofreu no último trimestre do ano passado a maior redução dos últimos 26 anos. Nas outras maiores economias mundiais, Japão e China, os efeitos do tsunami já são sentidos, com o fechamento de 670 mil fábricas nesta e demissão em massa em diversos setores, em especial nas montadoras de veículos, naquela. Até na Islândia, liderança no ranking do desenvolvimento humano, o desemprego duplicou, o sistema financeiro entrou em colapso, a inflação subiu assustadoramente e a previsão é de uma redução de 10% em seu PIB em 2009. A luz vermelha aparece em todas as esquinas. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) avalia que a crise mundial fará desaparecer, em 2009, 51 milhões de postos de trabalho em todo o mundo. No estudo denominado Panorama Laboral estima que, na América Latina e Caribe, 2,4 milhões de pessoas devem perder seus empregos neste ano. Enquanto isto, o jornal britânico The Guardian elabora uma lista de “caça às bruxas”, buscando relacionar os culpados pela hecatombe que dizima economias, empregos e pessoas há mais de seis meses. O periódico é taxativo: “A pior crise econômica desde a Grande Depressão não é um efeito natural, e sim um desastre fabricado pelo homem, no qual todos tiveram a sua participação”. Na lista figuram como culpados Alan Greenspan - outrora endeusado pelo Senhor Mercado – banqueiros, financistas de Wall Street, políticos e o consumidor americano, que teria comprado e se endividado além de suas condições. Mas, afora listas e culpados, as ondas do tsunami da crise-mãe estão batendo às portas de todas as economias. Apesar da blindagem presidencial, com mais de 84% de aprovação pessoal, o Brasil não está imune ao que diziam ser uma “marola” e agora assume grandes proporções. Os comitês de acompanhamento da situação já estão sendo constituídos nos Poderes Legislativos e Executivos da União e estados. Providências como desonerações tributárias, incentivos a investimentos públicos e redução da burocracia estatal podem contribuir para amenizar os efeitos da hecatombe que já chegou. Mas, ainda é pouco. O Brasil pede mais, e os brasileiros querem ações mais efetivas, emprego e comida! Nota do Editor: Vilson Antonio Romero é jornalista, auditor, diretor da Associação Riograndense de Imprensa, da Associação Gaúcha dos Auditores Fiscais da Receita Federal e da Fundação Anfip de Seguridade Social
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