Ainda falta no País uma maior atenção quanto à importância da certificação de produtos, mas isso tende a mudar com o apoio do Código de Defesa do Consumidor, das certificações compulsórias, definidas pelas portarias governamentais, mas principalmente pela certificação voluntária que será imposta pela conscientização generalizada da população. Os compradores das empresas são igualmente beneficiados, pois estão adquirindo um produto diferenciado em todos os aspectos.

Os fabricantes brasileiros que desejam exportar seus produtos e procuram um maior reconhecimento no mercado mundial, precisam contar com o apoio e o conhecimento de uma organização independente, que visa à avaliação da conformidade e certificação de produtos e do seu sistema de gestão para a qualidade. No Brasil, existem cerca de 350 empresas brasileiras que possuem produtos certificados, por, no mínimo, um organismo certificador de reputação internacional, cuja integridade, precisão e credibilidade conferem valor à sua marca.

Temos que ter consciência: para implantar essa cultura, não podemos aguardar ações isoladas do Inmetro, da Anatel ou da ANVISA, mas ações consistentes de todos os organismos que compõem o sistema brasileiro para a qualidade e produtividade, como ocorre na Europa e principalmente nos EUA.

Uma organização certificadora trabalha fundamentalmente em quatro áreas: certificação de produtos; certificação de sistemas de gestão; serviços de inspeção e verificação dos produtos na origem da produção e no pré-embarque para exportação, conforme as especificações do cliente, e visitas para acompanhamento futuro, a pós-certificação.

A certificação de produtos desponta como a porta de entrada no mercado internacional e compreende três tipos, de acordo com a necessidade do cliente. “Listado” é o sistema de certificação baseado em normas que permitem que um determinado produto seja comercializado, por exemplo, no mercado Europeu. “Classificado” é um método que atesta um produto segundo algum risco específico, envolve ensaios de desempenho em condições especiais, conforme normas internacionais como a IECEx. “Reconhecido” é o sistema utilizado na certificação de componentes. Por exemplo, placas de circuito impresso de um computador.

Um organismo de certificação está capacitado para avaliar mais de 16.000 categorias diferentes de produtos de diversos setores da indústria, entre matérias-primas, aparelhos, equipamentos, materiais de construção civil e mecânica, entre outros, com o objetivo de determinar se estes constituem algum tipo de risco à sociedade e/ou à propriedade. Bilhões de produtos certificados são colocados no mercado mundial anualmente com uma concentração maior nos setores elétrico e eletrônico.

O processo de certificação de um produto cumpre com as seguintes etapas: avaliação preliminar (análise técnica da documentação); ensaios no produto; avaliação do processo fabril e aprovação e inspeções de acompanhamento (em geral, ocorrem uma vez ao ano).

Os fabricantes também podem obter outras marcas e participar de outros esquemas de certificação internacional, por exemplo: a marca INMETRO para o mercado brasileiro, a marca FM para o mercado americano, a marca de segurança CSA para o Canadá; a marcação NOM para o México; a marca CE para a Europa; a marca de segurança NEMKO para a Europa e Escandinávia; a CB-Scheme (certificação com reconhecimento mútuo); e a marca S para a Argentina. Hoje em dia um cliente necessita que um organismo de certificação participe desde a fase de desenvolvimento do produto até o final do ciclo de vida do mesmo.

Fazendo uma única bateria de ensaios e que o mesmo possa obter as certificações do INMETRO, S - Argentina, CE e outras dentro de um mesmo processo. Outra vantagem é que todos esses serviços agora podem ser solicitados localmente através de organismos sediados no Brasil de forma que este processo possa ser assimilado por pequenas, médias e grandes empresas que tenham uma vocação exportadora uma vez que a maior barreira a se atingir nossos mercados são técnicas e não comerciais ou alfandegárias. Além de proporcionar a certificação de produtos, um bom organismo de certificação também atua na área de registros da qualidade (ISO 9000), meio ambiente (ISO14000), qualidade para a indústria eletro médica (ISO 13485), qualidade para o setor de telecomunicações (TL 9000), entre outras. Cerca de 10.000 empresas já foram registradas no Brasil.

Outra atividade fundamental de um organismo de certificação é colaborar no aperfeiçoamento das normas em conjunto com instituições como a ABNT, ISO, Mercosul, IEC, entre outras, de forma a criar uma via de mão dupla. É necessário vislumbramos um mercado onde as empresas façam produtos que cumpram as normas e respeitem os consumidores e instituições que tenham a agilidade e visão necessária a entender as mudanças tecnológicas e harmonizá-las com as normas internacionais.

Nota do Editor: Marco A. Bucciarelli Roque é presidente da NCC Certificações do Brasil.