02/09/2025  04h47
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
26/02/2009 - 05h38
A imprensa brasileira entre o porre e a ressaca
Alberto Dines - Observatório da Imprensa
 

Onde foi parar a brasileira sem nome que há 10 dias estava nas primeiras páginas e na escalada dos telejornais identificada apenas pela nacionalidade – foi seqüestrada, confiscada, embargada, censurada?

Que fim levou a advogada pernambucana Paula Oliveira que emocionou o país quando apareceu como vítima da agressão dos skinheads suíços?

Depois que se descobriu que foi protagonista de uma farsa, embuste, patranha, a moça simplesmente sumiu. Evaporou.

A brasilidade é um sentimento que só se manifesta quando inflado pela indignação. Solidariedade só no câncer – parafraseando Nelson Rodrigues – e, mesmo assim, somente no velório ou féretro.

Paula Oliveira está vivendo agora um drama terrível, maior ainda do que o de ter sido supostamente seviciada por três hooligans da extrema-direita suíça.

Há poucos dias tinha o apoio e o consolo de 190 milhões conterrâneos; agora está sozinha, com suas mágoas, família e amigos mais próximos.

Solidão penosa

Ninguém quer saber por que razão fez o que fez. A alegação de doença apresentada por seus advogados pode atenuar a sentença judicial, mas coloca-a numa solidão ainda mais penosa. Ninguém gosta de saber que foi manipulado por um surto de paranóia ou fantasia persecutória.

Nunca se saberá se Paula Oliveira se auto-imolou para denunciar o ressurgimento do nazifascismo europeu (e mundial) ou se apenas queria chamar a atenção para si mesma. Está condenada a assumir definitivamente o papel de vítima de um acesso maníaco.

A implacável gangorra que transformou a heroína em vilã foi construída por nossa mídia. Não houve má-fé, todos agiram com as melhores intenções, é sempre assim. Porém todos são igualmente responsáveis pelo vexame sofrido pelo Estado brasileiro, legítimo representante da brasilidade e o maior prejudicado nesta história.

O sumiço total do caso no fim de semana carnavalesco escancara os procedimentos e valores que comandam os nossos meios de comunicação. O assuntão transformou-se magicamente em assuntinho.

A metamorfose impõe um questionário:

· O surpreendente desfecho por acaso tornou sem importância o recrudescimento da violência política na Europa, Américas e Ásia?

· Os fantasmas de Hitler e Mussolini devem voltar para os armários ou para os museus só porque a patrícia Paula Oliveira fez uma acusação sem fundamentos?

· O neonazismo, o neofascismo, o neostalinismo e o neototalitarismo porventura deixaram de representar uma ameaça?

· A democracia está definitivamente implantada no Ocidente e já não carece de mobilizações em seu favor?

· Saiu de cena definitivamente o espectro da intolerância política, religiosa e étnica só porque Paula Oliveira simulou uma violência contra si mesma?

Nossa mídia vive de porre, esta é a verdade.

De porre e de ressaca, alternadamente. Aos estouros da manada sucedem mergulhos modorrentos, num ritmo regular, constante e invariável, que só serve para estimular a implantação da cultura da afoiteza e da morbidez.

Como a grande imprensa recusa a olhar-se no espelho, auto-amordaçada, estamos condenados a repetir indefinidamente o caso Paula Oliveira.

Doravante, quem vai encarnar o conflito entre verossimilhança e veracidade será a grande imprensa brasileira. Merecido castigo para aqueles que tiveram vergonha de rememorar sua história e seu passado de glórias.

*

A tenebrosa Segunda Guerra Mundial deve ser engavetada justamente quando o mundo prepara-se para reverenciar os 50 milhões de mortos no 70º aniversário da sua execução?

As revistas semanais e os cadernos de idéias não conseguiram.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.