Em 8 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher. No Brasil, ano após ano essa data passa a ter cada vez mais importância, apesar das restrições levantadas por diversas pessoas, no sentido de que seria uma festividade preconceituosa, como a comemoração do Dia do Índio ou mesmo do Dia Nacional da Consciência Negra. Para essas pessoas, o Dia Internacional da Mulher só perderia sua característica machista à medida em que se criasse também o Dia Internacional do Homem. Enfim, opiniões pró ou contra festejar essa data, o fato é que, em nossa especialidade de ortodontistas e periodontistas, sabemos que a saúde bucal da família ainda depende grandemente da mulher. De acordo com o IBGE, apenas metade dos homens que trabalham ajudam a cuidar dos afazeres domésticos, enquanto que 90% das mulheres que trabalham fora respondem também por essas atividades. E entre essas atividades está cuidar, orientar e levar os membros da família a consultas odontológicas, em um trabalho de autêntica provedora da saúde bucal familiar. Pela sua própria condição, as mulheres passam por várias alterações de saúde em diversas fases de sua vida, indo da menstruação, períodos de gravidez e amamentação até chegar à menopausa, com possíveis reflexos em sua integridade física, estando portanto mais apta do que o homem a identificar sintomas que podem causar cáries, tártaro e halitose, entre outros problemas bucais. Na verdade, a saúde bucal do ser humano começa a ser definida na gravidez, quando a mulher tem papel preponderante na formação do bebê, ocasião em que a ingestão de doces pela gestante pode não só possibilitar posteriormente o surgimento de cáries no bebê como também produzir condicionamento na criança da necessidade de consumir doces após o nascimento, tornando-o uma criança e depois um adulto dependente de açúcares. Levantamento feito pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo com 2.000 gestantes do Hospital Maternidade Interlagos, em 2008/2009, revelou que 998 mulheres, ou 49,4% do total, tinham algum problema bucal como gengivite ou cárie, pois a gravidez favorece o desenvolvimento dessas doenças devido às flutuações hormonais. Assim, as mudanças nos níveis de hormônio que ocorrem na puberdade, na menstruação, na gravidez e na menopausa tornam as gengivas da mulher mais sensíveis ao acúmulo de bactérias, podendo causar cáries e gengivites, além de na menopausa haver nítida relação entre a osteoporose e a perda óssea nos maxilares, o que leva também à perda de dentes pela diminuição da densidade dos ossos bucais. Comemoremos então o Dia Internacional da Mulher, esta figura maravilhosa que faz o primeiro turno no trabalho, o segundo nas atividades domésticas e o terceiro zelando pela saúde bucal de toda a família – inclusive ou principalmente de seu companheiro, este super-homem em geral tão descuidado com sua saúde. Nota do Editor: Cícero Lascala é mestre e doutor em Diagnóstico Bucal pela USP e especialista em ortodontia, ortopedia facial e periodontia. E-mail: celascala@ajato.com.br
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