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Opinião
08/03/2009 - 07h02
Usos indevidos e políticas públicas inconsequentes
Mario Guerreiro - Parlata
 

O primeiro grande feito da história da tecnologia foi sem dúvida a pedra lascada, pois aí já estava presente o trabalho transformador da natureza, que faz do natural o cultural pela ação criativa humana.

E no primeiro grande feito também já está caracterizada uma das feições básicas e imutáveis da tecnologia: a capacidade do Homo technologicus de usar um instrumento tanto para o bem como para o mal. O mesmo machado de pedra que servia para abrir um coco, servia igualmente para abrir a cabeça de alguém.

Da pré-história até hoje, muita coisa mudou. Mas a ambivalência inerente a todo e qualquer instrumento permanece inalterável: todo instrumento dá margem a usos devidos e a usos indevidos.

E esta é a razão pela qual as normas de segurança internacionais dos aeroportos não permitem que você entre no aparelho portando guarda-chuva, tesoura de unhas e até mesmo um cortador de papéis ainda que seja feito de madeira.

Por que? Todas essas e mais algumas tantas coisas se prestam a usos indevidos. Com uma tesoura você pode cortar suas unhas, mas pode também cortar a veia jugular de uma possível vítima de um seqüestro aéreo.

Os supramencionados usos fazem parte da lista de candidatos a usos indevidos bastante conhecidos, pois, considerando a forma da coisa, não é difícil imaginar a possibilidade de uma perversão de seu uso, ainda que esta não tenha sido prevista por seu inventor. A cola foi inventada para colar solas de sapatos, não para ser cheirada por menores abandonados. Mas como eles não têm mesmo sapatos, usam a cola para cheirar! É a cocaína dos mendigos.

Há coisas que requerem um pouquinho de imaginação, para que se possa antecipar um possível uso indevido. Mas parece que os socialistas de todas as cepas carecem de imaginação ou são crentes fervorosos do culto rousseauniano da “bondade natural” do ser humano, bondade esta inversamente proporcional ao poder aquisitivo do cidadão, ou seja: quanto mais pobre, mais bondoso. E com um pezinho no Reino dos Céus, de acordo com a teologia da libertação... Não é mesmo, Frei Betto e ex-Frei Boff?!

Num dos governos do Partido Democrata americano, espíritos solidários, altruístas e extremamente preocupados com as dificuldades financeiras das mães solteiras resolveram criar a bolsa filho.

As mães solteiras, uma vez comprovada sua carência de recursos, recebiam determinada quantia por cada filho que tivessem. Isto parece um daqueles programas alemães de incentivo à natalidade, mas a diferença é que estes eram doados somente a mães casadas e o do Partido Democrata exclusivamente a mães solteiras. Odiosas exclusões de ambos, diriam logo os patetas impensantes.

E como a bolsa aumentava de valor a cada filho - e a grana tornava-se polpuda - as adeptas da “produção independente” jogaram fora os preservativos e passaram a parir mais do que ratazanas nos porões da vida. Com isto, concorreram bastante para o aumento populacional da pobreza. E dos bastardos também!

E como a fiscalização do governo era precária - e o amor materno mera ficção romântica - as mães entregavam seus rebentos aos cuidados de orfanatos ou ao Deus-dará. [Mais uma despesa pública produzida pela besteira dos políticos].

Elas fizeram o mesmo que o hipócrita inspirador dessa cretina política pública: Jean-Jacques Rousseau, que teve seis filhos com sua empregada, mas, movido pela “bondade natural” do ser humano, relegou-os todos aos cuidados de um orfanato.

Mas não pense o leitor que essas coisas não ocorrem num “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza” [Obrigado, Jorge Ben].

No governo de Sir Ney, o jeca de jaquetão [Obrigado, Millôr Fernandes] - que só não foi o pior que tivemos, porque viria ainda Lulinha-Paz-e-Amor [Esta é do Duda Mendonça] – apiedados com a triste situação de crianças pobres que não tomavam leite, porque seus pais não tinham dinheiro pra comprar, nossos políticos não pensaram nem por um momento no grave problema social da paternidade irresponsável.

Pais de crianças pobres recebiam o bolsa leite para cada filho. Isto não só concorreu para o aumento da população pobre como também para o aumento do alcoolismo, pois o bolsa leite prontamente se transformou no bolsa pinga. Êta branquinha danada de boa, sô! Justifica-se, portanto, o conhecido lema do folclore liberal: ótimas intenções, péssimos resultados.

É de se observar que não só a finalidade pretendida pelo doador não coincide com a finalidade visada pelos doados, como também qualquer bem ofertado torna-se inevitavelmente moeda.

É sabido que muita gente compra feijão, arroz ou sapato e paga com vale transporte, e quem o compra o revende mediante pequeno ágio. Brasileiro gosta de levar vantagem em tudo, não é mesmo Gérson?! Assim são estas belas invenções socialistas! Mais, Lulla, queremos mais!

“TERESINA - O cartão Bolsa Família estava sendo usado como garantia de pagamento de drogas em ‘bocas’ (posto de venda) de maconha na Parnaíba, região norte do Piauí. Uma operação conjunta realizada pelas polícias Militar e Civil encontrou diversos cartões na casa de um traficante. Ele contou aos policiais que os cartões tinham sido deixados por viciados como garantia de pagamento da droga comprada fiado. No dia da liberação do dinheiro do Bolsa Família, o traficante acompanhava o dono do cartão até uma casa lotérica, onde o dinheiro era sacado, e o vendedor da droga recebia a sua parte.” [Rafael Picate, em Rede Liberal (br.groups.yahoo.com), 2/3/2009]

A droga da bolsa acabou se transformando na bolsa da droga.


Nota do Editor: Mario Guerreiro (xerxes39@gmail.com) é Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor Adjunto IV do Depto. de Filosofia da UFRJ. Ex-Pesquisador do CNPq. Ex-Membro do ILTC [Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência], da SBEC. Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Análise Filosófica. Membro Fundador da Sociedade de Economia Personalista. Membro do Instituto Liberal do Rio de Janeiro e da Sociedade de Estudos Filosóficos e Interdisciplinares da UniverCidade. Autor de obras como Problemas de Filosofia da Linguagem (EDUFF, Niterói, 1985); O Dizível e O Indizível (Papirus, Campinas, 1989); Ética Mínima Para Homens Práticos (Instituto Liberal, Rio de Janeiro, 1995). O Problema da Ficção na Filosofia Analítica (Editora UEL, Londrina, 1999). Ceticismo ou Senso Comum? (EDIPUCRS, Porto Alegre, 1999). Deus Existe? Uma Investigação Filosófica. (Editora UEL, Londrina, 2000). Liberdade ou Igualdade (Porto Alegre, EDIOUCRS, 2002).

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