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O discurso de Barack Obama no Congresso, denominado “O estado da União”, que deveria marcar os cem dias de governo e apresentar as linhas mestras de sua administração foi frustrante, pois não trouxe grandes novidades. Antecipando-se aos cem dias a completar-se em vinte de março, o presidente pretendeu dar mais uma satisfação e alento ao povo americano, do que especificamente trazer algo de novo ou uma resposta, às questões cruciais de momento. Em estado de graça, pesquisas em alta, Obama teria que apresentar outras propostas que não passassem obrigatoriamente por pacotes de auxílio financeiro que não entusiasmam muito o mercado por motivos vários. Ao mesmo tempo em que anuncia-se um pacote de oitocentos bilhões de dólares e ainda que praticamente estatizou o City Group abarcando 46% das ações, o mercado é bombardeado com a notícia de que o City precisaria de mais de um trilhão e haja notícia ruim. Injetar quantias bilionárias em empresas e conglomerados financeiros americanos é o mesmo que juntar água com peneira e isso obviamente não entusiasma o exigente “mercado”, que quer mais, tipo ações concretas e de outro naipe. Já alertávamos daqui, que Obama não teria nenhum trunfo ou passe de mágica para desarmar a armadilha (ambush – em inglês, sem trocadilhos) deixada por seu antecessor e teria que se socorrer de receitas conhecidas, o tradicional “gramma’s cake”, ou bolinho da vovó da Economia. A questão crucial é que o tempo urge e em mais vinte e tantos dias terminará o primeiro trimestre, quando as empresas deverão encerrar o ano fiscal, publicar seus balanços e apresentar relatórios, que são diagnósticos do desempenho passado e prognósticos do que se espera para o futuro. Sem novidades marcantes, o mau humor das empresas será um balde d’água fria nas avaliações de desempenho do presidente. Obama limitou-se até agora a prosseguir o governo Bush e não é isso que dele se espera. Analistas e economistas já começam a sinalizar que o problema americano é o déficit público. E é, porém um dos e que se combate com medidas contracionistas, recessivas. O “bolo econômico da vovó” dará mais ou menos certo, dependendo exclusivamente de seu artífice a quem cabe dar-lhe o toque de genialidade e é prenhe em remédios impopulares. Obama foi eleito para acertar e deveria aproveitar seus altos índices de popularidade para tomar as medidas amargas e necessárias que a conjuntura exige. Agora. Vovó já dizia que o que é amargo cura e o que aperta segura e isso valia até para o Quênia e também para os Estados Unidos. Nota do Editor: Luiz Bosco Sardinha Machado é o responsável pelo blog “A brasa do Sardinha”.
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