De mortuis nihil nisi bonum (em tradução livre do latim, "não fale mal dos mortos"). Clodovil morreu, virou santo. O noticiário só fala bem dele. Mas, enquanto vivo, só foi unanimidade nas críticas a sua atividade parlamentar. Qual a cobertura que mereceu dos meios de comunicação? Algumas lembranças: o dia em que foi à Câmara pela primeira vez, em que disse que precisava conhecer o ambiente, para saber se ia com bolsa chique ou sacola de compras; a reforma de seu gabinete (com dinheiro próprio, não da Câmara); a declaração de que compareceria ao Congresso "chiquérrimo, o que eu sou"; e a briga com o partido que o elegeu, por discriminá-lo. Já o excelente projeto que reduz o número de deputados de 513 para 250 não foi mencionado. E a idéia é ótima: uma Câmara com 250 parlamentares é tão democrática quanto uma com 513, ou 1.432, e é mais ágil, mais barata. Terminaria de vez aquela briga ridícula para saber quem vai ocupar os melhores gabinetes. E acabaria a brincadeira de erguer um prédio atrás do outro, o que é caríssimo, para abrigar todo aquele mundaréu de gente, com seus assessores e respectivo séquito. Que outro parlamentar, do alto clero, daqueles mais famosos, terá apresentado um projeto tão útil, tão voltado ao interesse público? Nota do Editor: Carlos Brickmann é jornalista, diretor da Brickmann&Associados.
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