Famílias que possuem o hábito de consumir carne de peixe na Sexta-feira Santa, que será celebrada no próximo dia 10, engrossam a procura por pescado nesta época do ano. Mas, por ser um tipo de alimento muito sensível à deterioração, alguns cuidados devem ser observados para evitar o consumo de um alimento sem qualidade ou até que ofereça riscos à saúde. Em função disso, Nelson José Beraquet e Maristela da Silva do Nascimento, pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital-Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, ensinam cuidados básicos que, se observados, podem evitar problemas nesta e em outras ocasiões. Os pesquisadores destacam que os cuidados com o manuseio correto do pescado devem começar ainda no barco. A conservação de carne de peixe, por suas características que favorecem uma deterioração rápida, tem que ser muito bem feita. Desde a hora em que o produto é pescado até o consumo, dizemos que é necessário manter a cadeia de frio; ou seja, a refrigeração deve ser ininterrupta desde o barco até o consumo, afirma Maristela. A qualidade do pescado está muito relacionada à maneira como ele é manipulado no barco. O treinamento da tripulação e o cuidado devem ser adequados desde o início, completa Beraquet. Igualmente o transporte e a distribuição até os pontos de venda devem seguir os requisitos necessários, principalmente respeitando a cadeia de frio. Independente da forma de apresentação do produto se em posta, filé, congelado ou inteiro o ponto de venda deve ter uma higiene notoriamente boa. O consumidor deve levantar as guelras e cheirar. O peixe fresco que é bem raro de se encontrar, no caso do pescado marinho, em uma região não litorânea apresenta um cheiro de maresia, de alga fresca, um odor quase neutro. Quando o cheiro é de peixaria, o pescado ainda está consumível, mas está começando a entrar em deterioração. Mas, se o consumidor sentir odores fecais, de enxofre ou ovo podre, o peixe já está deteriorado e não deve ser consumido. Quanto ao pescado congelado, devem ser seguidas as orientações fornecidas na embalagem, principalmente com relação à data de validade. Em caso de filés e postas que não estejam congelados, a atenção deve ser maior, já que é difícil verificar sua qualidade antes da aquisição. Por outro lado, um risco menor está associado aos peixes que passam por processo de salga, como o bacalhau. Ainda assim, eles podem apresentar fungos; deste modo, o correto é avaliar se não há manchas na superfície e se a carne está firme. Depois de pronto, se o peixe não for ser consumido imediatamente, deve voltar para refrigeração. Maristela explica que, mesmo que a maior parte dos micro-organismos tenha sido eliminado durante o preparo, pode haver recontaminação e multiplicação das bactérias. Caso haja sobra, o alimento deve igualmente voltar para a refrigeração. O tempo recomendado para o consumo de alimentos preparados armazenados em geladeira é, em geral, de três dias. Os peixes que passaram por processo de salga, depois de preparados, devem ter os mesmos cuidados observados. As atitudes mencionadas podem, reunidas, assegurar um feriado sem sustos.
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