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Opinião
11/05/2009 - 05h48
Um "transtorno ético-social"
Fernando Rizzolo - Pauta Social
 

Segundo a psicologia, a personalidade é definida pela totalidade dos traços emocionais e de comportamento de um indivíduo (caráter). Pode-se dizer que é o "jeitão" de ser da pessoa, o modo de sentir as emoções ou o "jeitão" de agir. Um transtorno de personalidade aparece quando esses traços são muito inflexíveis e mal-ajustados, ou seja, prejudicam a adaptação do indivíduo às situações que enfrenta, causando a ele próprio, ou mais comumente aos que lhe estão próximos, sofrimento e incomodação.

Estamos vivendo no Brasil um tipo de transtorno social, algo que passaria pela personalidade pródiga dos políticos, e que por ser por demais contagiosa - com características de "pandemia" - acabaria por contaminar até o discurso do presidente da República, que já não sabe mais "separar o público do privado" ao afirmar que, a discussão sobre o uso indiscriminado da cota de passagens aéreas recebidas pelos deputados federais é "hipócrita", e que nada vê de reprovável em "dar passagens aéreas para dirigentes de sindicatos".

Todos sabem que o dinheiro público não deve ser utilizado para pagar passagens de terceiros, tampouco ético é apregoar que isso deva ser tratado como "algo normal" e dentro das expectativas da atual “ética no Brasil", minimizando dessa forma, atos reprováveis cometidos por parlamentares. Blindar o Congresso Nacional através de um discurso presidencial que esbarra nos conceitos da probidade administrativa é dar de ombros à moralidade cobrada pela sociedade na sua indignação com o mau uso do erário público.

Mas o que afinal ocorre com o mundo político brasileiro? De um lado estão os 261 deputados, eleitos pelo povo, que usaram a cota da passagem aérea de forma moral indevida, nos 1.885 vôos internacionais entre janeiro de 2007 e outubro de 2008 - e que custaram à Nação R$ 4,765 milhões. De outro, o pobre povo brasileiro que ouve resignado o presidente afirmar que tudo isso não é tão grave assim, numa apaixonante defesa dos atos desmedidos dos membros do Congresso.

Talvez estivéssemos diante de um caso de TES. Um "Transtorno Ético-Social", ainda não descrito pela medicina e psicologia, tão contagioso quanto a gripe suína, mas pouco alertado em seus aspectos profiláticos. Como se trata de um transtorno da personalidade política, cabe ao povo indignar-se, reagir e criar anticorpos, ou então sucumbirá na depressão democrática brasileira, - já imunodeprimida - numa doença da moral ainda não diagnosticada pelos estudiosos da mente, mas que infelizmente se propaga pelos ares de Brasília.


Nota do Editor: Fernando Rizzolo é advogado, pós-graduado em Direito Processual e ex-professor universitário. Participa como coordenador da Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção São Paulo, é membro efetivo da Comissão de Direito Humanos da OAB/SP, articulista colaborador da Agência Estado, e editor do Blog do Rizzolo – www.blogdorizzolo.com.br.

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