O jovem Kaká, sensação do futebol italiano, ídolo da torcida milanesa e milionário, é profundamente religioso. Resistindo bravamente aos apelos da carne, com o coração pleno de fé, permanece casto. Virgem, vai continuar assim até o casamento. Seus maledicentes colegas de profissão o apelidaram de "Sandy", numa alusão ao comportamento da cantora. Eu tenho um tio, tio Tonico, que fez a mesma coisa que está fazendo Kaká. A diferença é que meu tio era bancário e não jogava futebol. Entrou cedo para uma religião protestante, passou a não comer carne, largou de fumar e beber e evitava as mulheres. No começo meu avô desconfiou do pior, mas a indignação da faxineira ao encontrar a coleção de catecismos de Carlos Zéfiro, no colchão de titio, deixou todos tranqüilos. É questão de tempo, dizia vovô. Um dia titio fugiu de casa com a mulher do tintureiro, ela com 43, ele com 21. Foi um escândalo! Depois de algumas semanas estavam de volta, ela foi viver novamente com o marido, que a perdoou. Titio continuou no banco, onde se aposentou depois de ganhar um relógio de ouro, posteriormente roubado na Paulista. Depois da fuga ele virou uma pessoa normal, fumava, bebia e quase não ia à igreja, aliás, como todos da família. O que tem a ver uma coisa com a outra? Titio é sãopaulino roxo, detesta o Kaká e não pode nem ouvir o nome Sandy, embora seja grande fã da Rita Cadilac.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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