O Palmeiras contratou esta semana Obina, ex-atacante do Flamengo, para o Brasileirão e para a Libertadores. Obina já foi rei, mesmo sem majestade, entre os torcedores do mais querido e alvo de gozações dos rivais cariocas. O peso da coroa indevida acabou levando o baiano a um jejum de gols que chega a meio ano. Muito para um centroavante de qualquer estirpe. No Palmeiras, história semelhante. Keirrison (deveria-se pronunciar Keirrizon) chegou ao clube depois de muita negociação, enrolação e promessa. Nos dois primeiros jogos o sulmatogrossense de 19 anos presenteou a massa alviverde com gols lindos e assistências mirabolantes. É craque! Não demoraram a prever a ascensão meteórica do jovem centroavante. O Palmeiras lucraria milhões de euros numa transação em médio prazo. Promovido a xodó da torcida, foi decaindo, apesar de fazer alguns gols. Mas a marcação mais forte dos adversários e a falta de brilho em jogos decisivos foram apagando a estrela de Keirrison. As turmas do amendoim e do coquetel molotov perderam a paciência com as saídas da área improdutivas, as divididas ressabiadas, a falta de recursos para fugir do arrocho dos beques. E eis que chega Obina, sem alarde ou grandes expectativas. Sem lugar garantido nem mesmo no banco de reservas. Lembram de Raí, que chegou ao São Paulo para comandar o time numa final? E fez o gol do título? Obina não é Raí, e vai ralar para passar à frente de Ortigoza na preferência de Luxemburgo. Com uma vantagem, porém, ninguém espera nada dele. Nem desconfiança há, somente a certeza de que ele passará em branco. Só a vontade silenciosa de Obina a impulsioná-lo. E aí pode estar o pulo do gato, pois ele tem algumas virtudes e terá ao seu lado o talento de Cleiton Xavier, os cruzamentos de Armero e, eventualmente, as assistências de Diego Souza. Numa dessas, Obina poderá estar onde Keirrison não esteve, trombar em lances que o K9 não ousou enfrentar e a bola entrar. Poderá ainda servir de cavalo a Julinho Botelho ou Waldemar Fiume em gols espíritas antológicos. Obina chega com a graça da leveza. Sem a responsabilidade prematura e desmedida que a mídia sensacionalista e os fanáticos de arquibancada depositam nos grandes talentos em potencial ou os pretensos craques, julgados assim pela insana ansiedade de um mundo que esmurra o computador por atrasos que ultrapassem segundos e joga aos leões atletas que não correspondem a suas apostas na mesa de bar. E quem sabe a torcida possa até cantar: O Obina vem aí e o bicho vai pegar! Nota do Editor: Cacá Bizzocchi é técnico de vôlei, professor de Educação Física, jornalista, comentarista da BandSports e colaborador da Photo&Grafia Comunicação (bizzocchi@photoegrafia.com.br).
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