Quer na xícara de louça ou no copo vidro, destes em que se compra a massa de tomate? A escolha é sua. O sabor dependerá mais do seu pensamento do que da minha coada. Certa vez me contaram que um glutão, acostumado a lautas feijoadas, foi, compulsoriamente, fazer um estágio no Oriente, entre monges tibetanos. Já não suportava ter, todos os dias, como alimentação, porções mínimas de ervas. Um dia lhe falaram sobre o poder da mente. E então, a cada folhinha que ingeria imaginava um borbulhante caldeirão de feijão com paio, toucinho de porco e carne seca. Enfim, tudo de direito num dia de sábado. Saindo para um passeio na cidade ele se depara com um imenso cartaz, estrelado por uma belíssima mulher seminua, convidando o turista a conhecer um paraíso caribenho. Parou diante do cartaz, exercitou a mente e teve um enfarto. Esqueceu que certas coisas não se fazem com a barriga cheia. Assim somos nós. Quando visitamos alguém, não se torna necessário que nos sirvam um café, na xícara ou no copo? O acolhimento é muito mais quente. E não há quem (ao menos o que sofra de úlcera) que não receba com satisfação uma visita, que não aprecie um comentário sobre sua casa, sua rua e seus exemplos. É tão gostoso abrir a porta para alguém, mesmo Testemunha de Jeová em manhã de domingo. A prosa, que nos parece muitas vezes inútil, sempre nos deixa algum sabor, não sendo em vão como pensamos. Basta a ótica e do bule se verá sair a fumaça da paz. Por isto, cada vez que abro minhas crônicas e delas me vêm comentários, sejam eles prolixos ou pro lixo, não importa, sei que eles me deixarão algo de bom, algo magnífico que só as palavras têm o poder de revelar. Mas chega de prosa. Vamos tomar o café. Imagine a sua marca preferida com o exercício de sua mente, e o terá na temperatura ideal. Saboreie, mas, por favor, não vá queimar a ponta da língua! Nota do Editor: Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia.
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