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SEÇÃO
Crônicas
03/07/2009 - 17h07
Honduras
José Nivaldo Cordeiro
 
Crônica do Quinho

– Voltamos aos tempos das ditaduras militares, Quinho? A história de novo se repete, como farsa depois da tragédia?

– De jeito nenhum, doutor, e digo isso quase lamentado, respondeu Quinho, em pé, solene como um mestre-sala das ruas.

– Quinho, você é contra ou a favor do golpe?

– Doutor, primeiro que a coisa não está caracterizada como golpe. Golpe era o que o presidente deposto queria dar, para se perpetuar no poder, como Chávez. A situação lembra um pouco o que o Brasil viveu em 1964, exercendo Chávez o papel que a Rússia e a China tiveram à época, a força externa que dava a dinâmica revolucionária por aqui. Segundo, que tanto o Poder Judiciário como o Legislativo respaldaram o impedimento do presidente deposto. Houve uma sucessão legal e legítima. Nenhuma ditadura foi instalada e o Estado de Direito permanece em vigor.

– Mas, Quinho, cassaram o voto popular pela força, isso não poderia ter acontecido.

– Doutor, não se pode ser idealista e brincar com o perigo revolucionário. Se na Bolívia e na Venezuela algo semelhante tivesse acontecido não teríamos esses governantes grotescos que lá estão, brincando de estadistas e destruindo seus respectivos países. Vivemos na América Latina uma verdadeira gripe asinina, pela qual governantes ridículos e revolucionários empolgam o poder pelo voto e querem nele se perpetuar. O resultado é que, para pôr esses farsantes fora do poder, esses países terão que usar a força, mais dia, menos dia, o que pode gerar guerras civis. Melhor como fizeram em Honduras, mataram o mal pela raiz.

– Então foi feito o mal menor?

– Nem isso, doutor, acho que ali fez-se o bem. Em política a única coisa imperdoável é a ingenuidade, pois é por ela que os malvados se apossam do poder para não mais sair, por meios pacíficos. A discussão da legitimidade política é muita antiga e o que há de mais venenoso nela é o dogmatismo idealista, que pode negligenciar o processo histórico, único caminho pelo qual a realidade política adquire racionalidade. A liberdade é sempre uma planta frágil e perecível ao menor vento. Precisa ser cultivada com carinho. Por vezes o uso da força é necessário.

– Então, porque essa condenação universal ao novo governo, Quinho?

– Porque o grande problema não está em Honduras, que por seus próprios meios soube se livrar da ameaça. O problema está no resto do mundo. A situação mundial assemelha-se àquela vivida nos anos Trinta. Muito discurso, muita arenga pela paz mundial, pela democracia, enquanto que os inimigos da civilização vão tomando conta de tudo. Veja o caso de Obama: um homem completamente despreparado para o poder, comprometido com a agenda deletéria do esquerdismo mundial, um relativista moral desprovido dos princípios que fundaram o Ocidente. E governa agora a maior Nação do planeta. Vimos como ele está tratando a crise econômica, plantando a destruição do livre comércio e acabando com a supremacia do dólar no mercado mundial. Isso certamente não terminará bem. Ele quer tão somente atender o interesse paroquial dos seus cabos eleitorais, os esquerdistas de todos os matizes que lhe deram votos. O homem vive em palanque permanente. Então essa é a diferença. Nos anos Sessenta os EUA, quando as antigas ditaduras militares foram instaladas, estavam comprometidos com o enfrentamento do comunismo mundial, enquanto que hoje está sendo governado por uma elite comprometida com o próprio comunismo.

– Acredita nisso mesmo, Quinho?

– Mas é claro. Então essa onda de condenação a Honduras, além de esperada e lógica, serve de termômetro para medir o grau de alienação política em que se encontra o mundo moderno. Igualzinho aos anos Trinta. Lembra que os governos ocidentais, EUA, Inglaterra e França, praticaram o desarmamento até a eclosão da guerra, pondo em prática a política mais idealista, irresponsável e estúpida que seus governantes poderiam fazer? Deu na II Guerra Mundial, o mais trágico morticínio de todos os tempos. E o mundo inteiro quase caiu sob a ditadura mais brutal. Os perigos de hoje são equivalentes, com um agravante: os meios militares de destruição em massas são mais mortíferos e disseminados do que eram àquela época. Perco o sono só de pensar, por exemplo, no que virá se explodir uma guerra entre Irã e Israel, algo perfeitamente esperado. Será uma preliminar do Armagedon.

– Quer dizer que a condenação ao novo governo hondurenho é um erro?

– Sim, doutor, um trágico erro. Ou muito me engano ou os inimigos do novo governo vão se reagrupar, insuflados por Hugo Chávez e a complacência de Barack Obama. É possível que esse governo não dure e a instabilidade política se instale na região. O que Obama deveria fazer é simplesmente reconhecer o novo governo e deixar que as forças políticas internas de Honduras resolvam seus próprios problemas.

– Fiquei preocupado, amigo Quinho.

– Não é para menos, doutor. O tempo não está para brincadeiras, não.


Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação Nacional de Livrarias.

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