Todos os dias morrem milhares de brasileiros, vítimas do trânsito, fome, enchentes, tiroteio, tráfico de drogas, mau atendimento nos hospitais, leptospirose, dengue, automedicação, seca, maus tratos etc.

Mas estas ocorrências não tomam manchetes mundiais, não ocupam editoriais, não servem para debates. Afinal, muitos desses acontecimentos são decorrentes da má distribuição de renda e, debater esse assunto seria abrir os cofres para a classe pobre...

É melhor encher os sites, telas de TV, horários nobres nas rádios com mortes de celebridades, debates sobre futilidades, programas que premiam a mediocridade ou ridicularizam o ser humano de menor poder aquisitivo.

Por que se importar com gente sem dinheiro, gente sem acesso aos bens de consumo da indústria cultural, pessoas sem poder econômico para levar pra casa pilhas e mais pilhas de quinquilharias e ‘novidades’ tecnológicas?

Vamos esquecer essa cambada de vagabundo, esse povinho que não dá Ibope a nenhum meio de comunicação. Agora e sempre o tempo é precioso demais para ser gasto com miseráveis. Vamos disparar os flashes em quem vende capa de impressos, acessos em sites e pontos na disputa por audiência.

Vamos nos importar com o caviar e esquecer o arroz com feijão. Afinal, quem come arroz com feijão?

Nota do Editor: Valdeck Almeida de Jesus (valdeck2007@gmail.com) nasceu em Jequié, Bahia, em 1966. Acadêmico de Jornalismo, trabalha, atualmente, como funcionário público, editor de livros e palestrante. Publicou os livros Memorial do Inferno: a saga da família Almeida no Jardim do Éden, Feitiço contra o feiticeiro, Valdeck é Prosa e Vanise é Poesia, 30 Anos de Poesia, Heartache Poems, dentre outros. Participa de mais de 30 antologias. É organizador e patrocinador do Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia, desde 2005. Expõe seus textos no site www.galinhapulando.com.