Depois de um final de semana regado a muitas chuva, chocolate e cinema tomei vergonha na cara e fiz duas telas pra mandar para o II Salão de Artes de Ubatuba. Ah! Você quer saber desde quando eu pinto? Desde hoje. Passei na loja, comprei duas telas e fui pra casa. A primeira foi em homenagem à pílula do dia seguinte. Título: auto-destruição A segunda foi em homenagem a mim. Título: Solidão=Escuridão Tinta utilizada: pintura a dedo, indicada para crianças de 2 a 6 anos. Estou tão empolgada com a pintura que já tenho planos pra mais duas telas as quais providenciarei amanhã mesmo. Agora, preciso contar uma coisa mas por favor, não ria e nem se surpreenda com as linhas a seguir. O coordenador do evento, me encontrou logo após eu ter inscrito o meu trabalho, olhou para mim e disse: - Você se inscreveu para o Salão de Artes, não? Pois é, gostei muito da sua proposta e sugiro que você deixe suas telas conosco para que possamos leva-las às exposições regionais. Olhei para ele com a cara de (!), engoli seco, dei uma risada como quem diz: pára de tirar sarro da minha cara e respondi: - Claro, com certeza deixarei. Mas minha vontade mesmo era dizer: - Não tenha dúvida, deixarei estas telas e algumas outras que tenho em casa (ainda a serem feitas, é claro! rsrs). Ainda bem (e agradeci muito muito por isto) que ele não me perguntou onde fica meu Ateliê ou em que Galeria meus quadros estão expostos ou muito menos quantos e quais prêmios eu já ganhei. Acho que eu seria capaz de confundir o prêmio Jabuti com o Festival de Cinema de Gramado ou ainda com o Kikito de ouro ou Prêmio Nobel da Paz, de literatura ou com o Vídeo Music Brasil da MTV. Pra vocês terem uma idéia da minha ignorância artística, na hora de preencher a ficha de inscrição eu não sabia o tamanho das minhas telas e ainda perguntei pro cara o que Posição significava e ele respondeu com uma cara de óbvio que era Horizontal ou Vertical - para que eles soubessem colocar o quadro corretamente, na hora da montagem... ahhhhhhhhhhhhhhh! Mas mudando de alhos para bugalhos, começarei um curso de corte e costura, amanhã e hoje, arrumando a bolsa kit costure tudo com giz de alfaiate, fita métrica, linha, agulha, alfinetes, régua e mil outras bugigangas achei, dentro de um caderno um poema que escrevi durante uma reunião regional da empresa em que eu trabalhava. Veja só que fofo: Maçã Vermelha ou verde As argentinas são deliciosas Grande ou pequena Azedinha Molhadinha Refrescante Tem até bichinho Tão engraçadinho Aparentemente, eu não gostei do que escrevi porque risquei tudo e logo abaixo recomecei: Maçã Hum, macia e molhadinha Vermelha Grande ou pequena Azedinha e refrescante Tem até bichinho Tão engraçadinho Uma mordida é sempre bem vinda Sinceramente, muito ruim, não! Mas como é de minha autoria insisto em achar alguma coisa de bonito e se tivesse que escolher entre as duas, ficaria com a primeira! No canto direito da página onde estão os poemas eu ainda anotei: - câmera digital - bicicleta - máquina de lavar - máquina de costura - tear Hummm, a bicicleta eu já comprei, o curso de corte e costura começa amanhã, a máquina de lavar eu já tinha, já o resto... Acredito que a reunião realmente estava uma chatice pois no verso da mesma página eu encontrei um quadro com o título: Reunião Matrix com algumas faces de angústia, almoço, festa, novas idéias e muitos rabiscos. Já em outra folha mais um poema: Galápagos Nomes desconhecidos Informações irrelevantes (Falsas) expressões de interesse Cérebros dispersos tomam suco de pomelo Neurônios voadores Mundo paralelo E no verso: Pergunta: O que estamos fazendo aqui? Opções de respostas: 1- batendo punheta 2- sonhando um pesadelo 3- comendo meias lunas 4- assistindo uma peça de terror 5- no purgatório 6- confirmando a nossa falta de vocação 7- fazendo teatro 8- vestindo a última moda das camisas de força em roupa social 9- aperfeiçoando a cara de paisagem 10- segurando as pestanas 11- pensando no próximo destino para as férias de verão Ao menos a viagem valeu pra conhecer Buenos Aires, comer saltenhas, tirar muitas fotos legais com minha câmera não digital, confirmar que os argentinos são péssimos DJs mas amam havaianas e ficar com a feliz recordação de que o passado não volta, jamais.
Nota do Editor: Paula Tura é escritora, clown e em breve pintora. Mantém o blog: www.mercedesaemergente.blogspot.com.
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