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Opinião
08/08/2009 - 17h44
O cigarro e a pena de morte
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A apreensão das 15 carretas que transportavam pelo menos 10 mil caixas de cigarros entrados ilegalmente no país, vindo do Paraguai, leva à constatação de que o perigo do tabagismo não está apenas em quem fuma. Mas “no quê” fuma. Há um bom tempo, o cigarro de menor preço e marca desconhecida proliferou pelas ruas e estabelecimentos de menor categoria. São produtos trazidos do Paraguai ou saídos de fábricas clandestinas situadas no próprio interior brasileiro, que chegam ao consumidor sem pagar tributos nem passar por qualquer tipo de controle de produção ou fiscalização dos produtos empregados na sua elaboração.

Por serem mais baratos e aparentemente terem o mesmo efeito dos cigarros legais – de marca e procedência conhecida – esse produto hoje é consumido por milhões de brasileiros que, com isso, podem estar encurtando ainda mais a própria vida e engrossando a fila dos sucateados serviços públicos de saúde. E quase nada tem sido feito para combater esse comércio ilegal e danoso. Seu combate tem ficado restrito às ocasionais apreensões nas estradas e à corrida dos fiscais atrás dos camelôs. Ninguém sabe dizer quanto dessa mercadoria ilegal chega ao consumidor e nem quais os impactos que ela causa à saúde do brasileiro.

Houve um tempo em que o contrabando se fazia apenas no sistema “formiguinha” e ficava restrito a mercadorias finas – bebidas, cigarros, chás, eletrônicos, porcelanas – e sem similares disponíveis no comércio nacional. Era coisa para poucos endinheirados. Mas hoje vemos a massificação do ramo, que utiliza veículos de grande porte e se faz em escala industrial, trazendo para a população mercadorias falsificadas e perigosas ao consumo, que teriam de melhorar muito para poderem ser classificadas como lixo.

As eleitoreiras autoridades que agora estão empenhadas em caçar fumantes em locais públicos – a nova panacéia do governo paulista – não poderiam se esquecer de fiscalizar com o maior rigor esse comércio ilegal de tabaco. Se já ficou comprovado que o cigarro regularmente produzido é prejudicial à saúde – e isso é estampado nas suas próprias embalagens – seria muito mais lógico pensar que os produtos clandestinos, processados sem qualquer controle ou regra, pode ser uma verdadeira pena de morte aplicada a milhões de brasileiros. E o quê tem sido feito para combatê-lo? Só a vigilância das estradas não é suficiente para evitar a chegada do produto.

Já passou da hora dos governos se interessarem concretamente pelo povo. Não basta colocar a polícia ou o fiscal para correr atrás do fumante, do camelô ou do pequeno comerciante. Há que se montar um grande esquema nacional para dar emprego e renda a todos os que têm necessidade de trabalhar, combater rigorosamente o contrabando ou descaminho de todos os produtos e garantir à população o seu direito de consumidora. Tem de ser uma ação global, atacando o problema por todos os flancos e levando-o até a solução. O resto é pura perda de tempo...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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