José Serra e Aécio Neves estão juntos aqui no Rio de Janeiro na abertura do 16º Congresso Nacional do PPS, no hotel Guanabara. Certamente o PPS caminhará ao lado do PSDB na sucessão, assim como o DEM. Entretanto, aqui e ali sempre surgem comentários sobre a formação da chapa de oposição em 2010. Serra possui mais força dentro do partido e tem tudo para levar a indicação, mas quem ocuparia o cargo de vice? O caminho natural é buscar um vice dentro dos partidos aliados, mas não deve-se desconsiderar a possibilidade de Aécio Neves ocupar este posto. O caminho de uma eleição presidencial passa por Minas Gerais, sempre defendi isso. O trabalho torna-se muito mais difícil sem uma passagem obrigatória por Belo Horizonte. Aécio Neves já está no segundo mandato e possui uma administração com aprovação recorde. Seu nome impulsiona e traz para a candidatura onde desembarcar o valioso peso das Minas Gerais, segundo colégio eleitoral do Brasil. Serra vem de São Paulo, berço do tucanato, com aprovação recorde, conta com a força de Kassab (cria do próprio Serra) na capital e um candidato para continuidade de seu projeto, Geraldo Alckmin, que oscila entre 53% e 63% das intenções de voto. O desespero de Lula é tamanho com São Paulo que escalou Ciro Gomes como candidato, com o claro objetivo de dividir votos e dar a chance de praticar seu esporte preferido: bater nos tucanos. Contudo, com Serra e Aécio juntos, o grupo liderado pelos tucanos sai com larga vantagem em São Paulo e Minas Gerais, as duas maiores jóias da coroa de uma campanha presidencial. Nada de procurar um vice no Nordeste. Acredito que a chapa de oposição deve calcar fortemente seus esforços nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O Nordeste, refém do bolsa-família e do assistencialismo do governo do PT, com ou sem campanha forte, deve descarregar caminhões de votos no candidato ou candidata do Lulismo. No Norte e Nordeste pode-se apanas contar com os palanques regionais. Ainda lembro da campanha de 2006, Alckmin (com vice de Pernambuco) rumo a Manaus no segundo turno para fazer campanha, onde Lula alcançou 80% dos votos, enquanto esquecia dos estados do Sul, onde além de não ganhar, perdeu votos que havia recebido no primeiro turno. Se bem articulada com os aliados, e calcada em palaques regionais consistentes, Serra e Aécio podem largar com uma valiosa vantagem na mão. Com a estratégia política certa, podem ser uma chapa com clara e consistente chance de vitória em 2010. Lembro: com movimentos políticos corretos, as chances da Oposição são maiores do que se imagina. Nota do Editor: Márcio Chalegre Coimbra é analista político, editor-chefe do site Parlata, desde 2003. Mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos, com passagens acadêmicas pela FGV, UFRGS, Unisinos e Harvard Law School. Possui experiência internacional com passagem pela Fundación FAES e o Partido Popular em Madri, Espanha e como analista-chefe do Hayek Institute em Viena, Áustria. Nos Estados Unidos trabalhou com o Leadership Institute e o Partido Republicano. No Brasil trabalhou como consultor na Patri e como Diretor na Governale, atendendo clientes nacionais e internacionais. Como Professor, na Universidade Católica de Brasília e no UniCEUB, orientou pesquisas na área de relações governamentais e internacionais Autor da obra "A Recuperação da Empresa: Regimes Jurídicos Brasileiro e Norte-americano", Ed. Síntese - IOB Thomson. Responsável pelo Blog Diários da Política (marciocoimbra.blogspot.com).
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