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Crônicas
19/08/2009 - 07h19
Bonsai de gente
Adilson Luiz Gonçalves
 

Todos estão sujeitos a desilusões e insucessos, mas existem pessoas que transformam, consciente ou inconscientemente, suas experiências infelizes, sobretudo as emotivas, num fardo insuportável para os filhos, com sequelas por toda a vida.

Embora não admitam, sob o pretexto de os protegerem de situações análogas criam um mundo paralelo, baseado em seus medos e frustrações, e os condenam a andar na contramão da vida, como herdeiros e guardiões de sua “doutrina”.

Seu egoísmo quer transformar exceção em regra, não por acreditarem no acerto de suas decisões e opções pessoais, mas para tentarem se convencer - e ao mundo - de que estão certos. Como não conseguem convencer o mundo, só lhes resta “educar” seus filhos dentro dos limites pequenos e estanques de suas famílias, se é que a relação doentia que os une pode ser chamada assim.

Também não conseguem punir o mundo por suas frustrações. Assim, punem os filhos tolhendo-lhes a autonomia, pois temem que seus “valores” sejam questionados pela comparação e percam seu único respaldo e alternativa à solidão. Daí, o amor espontâneo cede lugar à devoção fanática, mantida pela chantagem psicológica e financeira, que beira perigosamente os limites da idolatria incestuosa.

Em muitos aspectos não são diferentes dos que, por ignorância ou má fé, geram e criam filhos para o auto-sustento, condenando-os a viverem com as mãos estendidas nas ruas da vida.

Esses pais querem sustento, sim, mas não do dinheiro de esmolas: querem filhos-escravos, pois, para proveito próprio, negam-lhes o direito às escolhas pessoais e ao risco do erro e do acerto que é inerente ao ser humano.

Patrulham os filhos não para cuidá-los, mas para evitar perda de controle sobre eles.

Sua cegueira seletiva só enxerga os raros exemplos que os justificam, construindo uma vida solitária, cheia de barreiras e imposições, mas esbanjando altivez arrogante.

Seu “fundamentalismo” não concebe esperança de superação e felicidade dos filhos fora de seus “dogmas”. No limite, chegam a torcer e articular pelo fracasso de suas experiências independentes, apenas para provarem que estão “certos”.

Será que não compreendem que em vez de livrar os filhos dos males que os afligiram – talvez por seus próprios erros de julgamento - os estão condenando, duplamente e sem clemência, à perpetuação de seus efeitos? Não percebem que, satisfeitos seus caprichos paternais, talvez sua principal “herança” seja o comprometimento definitivo das chances de felicidade de seus descendentes?

Os referenciais que impõe geram barreiras psicológicas intransponíveis, incapacidade de relacionamento fora de seu “universo” e impossibilidade de converter os falsos brilhantes de seus “valores” no câmbio da vida.

A relação de pais e filhos tem que ser de amor e respeito mútuos, e a família deve ser um porto seguro e não um cemitério de navios!

Porque insistem em manter o “cordão umbilical”?

Se “são demais os perigos dessa vida” isso não implica em render-se à paranóia! Os riscos têm que ser enfrentados e superados com a esperança de transformação, pois viver é um processo de evolução brilhante e não uma repetição opaca e monótona, tolhido por medos e preconceitos alheios.

A construção da felicidade é uma tarefa pessoal e intransferível, pois não há um ser humano igual ao outro, como não há uma vida igual à outra!

Uma existência híbrida, plantada no solo estéril da superproteção ou do autoritarismo, e tolhida como um “bonsai” pode até gerar um ser aparentemente vistoso, mas ele permanecerá pequeno e dificilmente gerará nova semente.

A vida tem que ser semente pura, que germina e cresce livre e forte em busca do Sol, e gera nova e sempre melhor semente.

Aí reside o grande mistério e fascínio da vida!


Nota do Editor: Adilson Luiz Gonçalves é mestre em educação, escritor, engenheiro, professor universitário (UNISANTOS e UNISANTA) e compositor. E-mail: prof_adilson_luiz@yahoo.com.br.

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