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Opinião
19/08/2009 - 15h08
Lula: linha auxiliar de Chávez
Maria Lucia Victor Barbosa
 

No Brasil, como em qualquer parte do mundo, sempre acontecem escândalos. Mas, em escala industrial como se tem visto de 2003 para cá é algo inédito em nossa história. Desfilam de modo interminável corrupção, nepotismo, patrimonialismo, desfaçatez, ausência de espírito público, males antigos que agora impressionam pela constância. Também é maior o grau de impunidade, coisa só possível por estar a consciência coletiva apática, indiferente, anestesiada pela propaganda governamental intensiva.

Desse modo, os mais recentes vexames que atingiram o presidente do Senado, José Sarney, não incomodaram a maioria. Tampouco causou espanto uniões esdrúxulas como a dos petistas com o senador e ex-presidente Fernando Collor ou a defesa intransigente que Lula da Silva e Dilma Rousseff fizeram de José Sarney, antes chamado de ladrão.

Contudo, o escândalo que envolve Sarney e resvala para outros senadores vem a calhar para o reforço do Executivo, pois diante dos descalabros não tardaram vozes pedindo o fim do Senado enquanto instituição e não punição para os culpados. Em que pese, porém, os espetáculos deprimentes é lá que se esboça alguma oposição ao Executivo. Foi, por exemplo, no Senado que morreu a famigerada CPMF, que o governo volta e meia tenta ressuscitar. Portanto, o fim do Senado pode ser muito conveniente para o presidente da República e seu governo petista. Melhor que exista apenas a Câmara com os submissos dos mensalões e das falcatruas de toda espécie.

A ausência de uma opinião pública, que se manifeste de modo mais concreto no sentido de ir às ruas mostrar seu repúdio aos abusos do poder é também preocupante em se tratando de nossa política externa. Evidentemente, um povo que não toma conhecimento ou não se importa com o que acontece diante de seu nariz, dificilmente consegue perceber o que vai além de seu quintal. Mas isso não faz com que desapareçam graves problemas externos que acabam por afetar a vida de cada brasileiro.

Aqui não vou detalhar o despudorado entreguismo do governo Lula com relação a Bolívia, ao Paraguai, a Argentina e tantos outros países. Prefiro me deter na Venezuela onde Hugo Chávez, chamado de democrata por Lula da Silva e sempre por este apoiado, vem crescendo em autoritarismo. Chávez também exporta seu modelo socialista para fiéis seguidores latino-americanos e tem no presidente brasileiro preciosa linha auxiliar.

Em suas mais recentes arremetidas contra a liberdade, a democracia, enfim, contra o Estado Democrático de Direito, o caudilho da Venezuela atacou a propriedade privada, o lucro das empresas, a imprensa independente, a autonomia universitária. Incansável na construção de seu poder absoluto, Chávez contará nas eleições legislativas de 2010 com uma lei que distorce a contagem de votos e permite que a bancada governista controle completamente a Assembléia Nacional. Entrementes, o companheiro “democrata” usa largamente a violência de suas milícias e de sua polícia para reprimir qualquer manifestação da oposição, o que inclui o espancamento de jornalistas e estudantes.

Portanto, quando Chávez fala em “socialismo do século 21” não está brincando. Ele está seguindo claramente as trilhas do comunismo que liquidou os organismos da sociedade civil – corporações, associações, Igrejas, poderes locais, opinião pública e outros mais – na medida em que estes constituem formas de fiscalização social do Estado. Sem essas forças organizadas emerge o monopólio do poder estatal, cuja obtenção requer estimular a luta de classes contando-se para isso com o apoio das massas populares seduzidas e alienadas. Ao mesmo tempo, não pode faltar a doutrinação da juventude, pois o jovem é presa fácil das ilusões e do fanatismo. Relembre-se ainda que a doutrina bolchevique exigiu a liquidação da propriedade privada e a estatização das grandes empresas feita através de expropriações.

Para Lula da Silva e demais governos latino-americanos tudo isso deve ser respeitado, pois faz parte da soberania da Venezuela. A soberania só não funciona para a Colômbia quando se trata das bases norte-americanas para o combate às Farc, o que significa combate ao narcotráfico. Não existe também soberania para Honduras, cujo Judiciário depôs o presidente Manuel Zelaya pelo motivo de seus atos inconstitucionais e para impedir que ele instalasse no país o autoritarismo chavista.

Entre as perdas que o Brasil vem sofrendo por conta da “generosidade” do governo, uma questão gravíssima deve ser ressaltada: o narcotráfico, aceito por Hugo Chávez, Rafael Correa e Evo Morales na medida em que são grandes amigos das Farc. O narcotráfico, como se sabe, é uma das principais causas da violência urbana, do poder paralelo da bandidagem, do aniquilamento de tantas vidas, do sofrimento e destruição de numerosas famílias.

Então, já está mais do que na hora de Lula da Silva deixar de ser linha auxiliar de Chávez e coordenar junto com o presidente colombiano, Álvaro Uribe, o combate ao narcotráfico. Se isto é querer muito fica aqui ao menos o alerta para a sociedade civil.


Nota do Editor: Maria Lucia Victor Barbosa (mlucia@sercomtel.com.br) é socióloga.

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