A Maria da Graça... Gracinha... foi uma namorada da juventude. Magra, morena, tinha uns dentes levemente encavalados que lhe davam um certo charme. Isso porque, segundo ela, teve o vício na infância de chupar o dedo indicador, isso até bem grandinha. O cabelo não era bonito, para meus padrões, claro... ela gostava de usar um coque que eu achava muito feio e vivia botando defeito... preferia seu cabelo solto. O detalhe mais importante que lhe conferia uma grande elegância era seu longo pescoço; e eu a chamava carinhosamente de minha girafinha. Um dia, ela me ligou, disse que a mãe havia viajado e só voltaria no dia seguinte. Me chamou pra ir ao seu apartamento e a gente namorar mais à vontade. Que belo convite!!!... fui cheio de primeiras intenções. Não sei por que chamam de segundas intenções se é, para o homem, a primeira... Me ofereceu um whisky com guaraná e aceitei de bom grado, ajudaria a relaxar minha tensão. Estava com idéia fixa no quarto cor-de-rosa dela cheio de bichinhos de pelúcia, cama cheia de almofadas e colcha de “chenille” branca; típicos de uma moça que havia recém-saído da adolescência. Tomei não uma dose; mas meia garrafa de Chivas 12 anos e relaxei bastante... bem mais do que devia. Acho que foi o primeiro grande porre da minha vida. Desmaiei e ela teve de chamar um amigo pra me ajudar. Ele chegou, morrendo de rir, me enfiou debaixo do chuveiro com roupa e tudo, me jogou na cama e saiu ainda rindo. Acordei... quer dizer... ela me acordou... já amanhecendo... eu estava com a cabeça pronta pra explodir. Estava naquela cobiçada cama, coberto com a colcha de chenille e abraçado a uma girafinha... de pelúcia. Ela apavorada me fez sair correndo com a roupa ainda úmida e os sapatos na mão como se fosse um filme pastelão. Sua mãe estava pra chegar. Não vou entrar em detalhes, mas como sua mãe viajava muito, tive a oportunidade de voltar lá várias vezes e aí; já refeito da desastrada experiência, só tomei uma dose.
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