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Opinião
22/08/2009 - 18h06
A explosiva reforma agrária
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A informação, dada à imprensa, por um dos dirigentes nacionais do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), de que o presidente Lula está prestes a mudar o critério, que vigora desde 1975, para a aferição da produtividade de propriedades rurais e apontá-las (ou não) para a reforma agrária, é o novo e explosivo tema da pauta nacional. Principalmente porque – segundo o dirigente - a partir de então, “será possível desapropriar para fazer reforma agrária em grandes áreas do Centro Oeste, Sudeste e Sul”.

A reforma agrária é discutida no Brasil – em maiores ou menores proporções – desde a época do império. Uma das grandes questões decorrentes da abolição da escravatura é a fixação dos ex-cativos à terra. Ou seja, a reforma agrária onde cada ex-escravo pudesse tirar da terra o sustento próprio e da sua família. Mal resolvida no decadente império e negligenciada na República, a posse da terra acabou transformada em moeda político-eleitoral. Todos os que tiveram acesso ao poder disseram ter feito sua parte e seus opositores sempre afirmaram ser pouco o que se fez. Em determinado momento, o tema foi considerado “coisa de comunistas”. Chegou até a derrubar um presidente (João Goulart), que ousou dar o passo mais largo do que suas pernas permitiam naqueles idos de 1964.

Na chamada abertura política, iniciada na segunda metade dos anos 70 e concretizada com a Constituição de 88, muitos confundiram liberdade com libertinagem. A sede de democracia levou a sociedade de então a abrir mão de princípios basilares, como o da propriedade, e a tolerar verdadeiros crimes cometidos em nome da liberdade. Foi sob essa égide que evoluíram certos segmentos do MST. Valendo-se de governos fracos e lenientes, os radicais do movimento abandonaram a justa reivindicação por terra a quem dela precisa para viver, e partiriam, como um bando, para o esbulho e a desordem. Nessa escalada, causaram pânico e prejuízos para legítimos proprietários de terras e até para a própria administração pública (lembram a quebra dos pedágios?), e pouco ou nada aconteceu aos responsáveis.

Se o presidente Lula realmente mudar o perfil de avaliação da produtividade dos imóveis rurais, como pretende o MST, corre o risco de mergulhar o país numa grave crise que envolverá diretamente aqueles que produzem nossos alimentos e, por risco próprio, movimentam a economia. Potencializará a desconfiança que causou a fazendeiros, pecuaristas e assimilados, quando recebeu o MST no Palácio dos Planalto e posou para foto usando na cabeça o boné do movimento.

O momento exige muito juízo. Lula tem de preservar, a qualquer custo, a prerrogativa de “primeiro magistrado do país”. Não poderá ceder, jamais, à pressão do MST ou de quaisquer outros radicais, mesmo que por eles tenha a mais dedicada simpatia. Sua responsabilidade é muito grande. E, se não tomar cuidado, poderá passar para a história como aquele que, de retirante e operário, chegou à presidência da República e, depois, incendiou o país. Seria um injusto epílogo para tão sofrida e brilhante carreira.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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