Uma em cada cem pessoas, acima de 65 anos, desenvolve a patologia, que é degenerativa, crônica e progressiva. Conhecer os sintomas, que vão muito além dos tremores, é essencial para a intervenção precoce
A ciência tem dedicado consistente atenção ao estudo aos portadores da Doença de Parkinson. Entre as pesquisas, destaca-se a identificação de sintomas iniciais, que antecedem os tremores, a lentidão e outras alterações motoras, típicas da doença. Entre elas destacam-se redução do olfato, constipação, sintomas gástricos, urgência urinária, disfunção sexual, transtornos do sono e outros neuropsiquiátricos. "O diagnóstico precoce propicia um tratamento mais assertivo", destaca o neurocirurgião Luiz Cláudio Modesto. Medicações disponíveis no mercado, quando combinadas e em doses específicas, são capazes de melhorar a qualidade de vida do paciente e restabelecer uma a funcionalidade. "É importante que sejam receitadas pelo médico especialista, que acompanha o caso", esclarece Dr. Modesto. O especialista explica que a patologia é classificada por estágios, que variam de I a V - de acordo com o grau de comprometimento. Para determinado grupo de pacientes, que não respondem ao tratamento clínico, a neurocirurgia funcional desponta como opção. "De cada 100 pacientes afetados pela Doença de Parkinson, 20% podem encontrar no procedimento cirúrgico o excelente caminho para amenizar os severos distúrbios do movimento", revela o neurocirurgião. O procedimento - No caso da doença de Parkinson, a neurocirurgia funcional tem como melhor técnica de tratamento o implante de delicado eletrodo no cérebro, que é ligado a marca-passo (implantado sobre a pele, no tórax) - um pequeno computador interno que promove esporádicas descargas elétricas ao cérebro, a neuroestimulação. Esses estímulos possibilitam que áreas específicas do cérebro funcionem com a ativação de regiões motoras úteis e inibindo áreas que dificultam o movimento. O marca-passo é controlado pelo médico, que pode a cada consulta mudar parâmetros da estimulação, ou seja, ajusta os estímulos a cada fase da doença, sem a necessidade de uma nova cirurgia. A cirurgia com marca-passo permite que pacientes com maior dificuldade de locomoção, como os que utilizam cadeiras de rodas ou muletas, consigam recuperar a funcionalidade e a independência parcial ou total. "A cirurgia é indicada para quem se encontra entre o estágio III ou IV ou no estágio IV da doença. Nesses casos, os pacientes retornam ao quadro clinico que apresentavam nos estágios I ou II. Com essa cirurgia se alcança boa qualidade de vida por mais de uma década, com sintomas mais amenos e passíveis de controle", afirma o médico. O procedimento dura, em média, 4 horas, para um lado do cérebro. Os riscos são reduzidos, mas existem: 4% de complicações transitórias e 1% em termos gerais. Avaliações criteriosas e exames de risco cirúrgico são decisivos para a indicação. Diferente dos procedimentos neurocirúrgicos anteriores, esse é totalmente reversível. "Pacientes com comprovada indicação, chegam a experimentar melhora de 86% dos sintomas motores limitadores", descreve Dr. Modesto. Após a cirurgia, os pacientes seguem acompanhados pelo médico assistente e com administração de medicamentos, usualmente em menor dose.
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