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Crônicas
04/09/2009 - 17h03
A Melô do Sarney
Luciano Pires
 

Quem segue meu trabalho sabe que gosto de usar humor para tratar de coisas sérias. Cinco anos atrás decidi optar pela velha arma da paródia, da animação, da música e das imagens para distribuir algumas críticas pela internet. Nada que gerasse grandes mudanças, mas pequenas alfinetadas que devem doer muito em quem veste a carapuça. Foi assim que nasceu a série de Melôs: a Melô do Pocotó, a Melô do Congresso, a Melô da Eleição, a Melô do Mensalão e o O Funk dos Burrão. São pequenos vídeos que você encontra em meu site para assistir, baixar e distribuir: www.lucianopires.com.br/video.

Pois bem, o processo de produção dessas melôs só tem uma regra: inspiração. Quando a reflexão sobre um tema chega ao ponto, a música e o começo da letra surgem como que por milagre em minha mente. Aí é pesquisar, burilar, escrever e reescrever. Depois aciono uma excepcional rede de colaboradores para produzir a parte musical, a coreografia e animação dos bonecos, a filmagem e edição. E sempre acontece uma coisa fantástica: todos se divertem. Muito.

Já disseram que isso é coisa de brasileiro, um povo com capacidade infinita de rir de suas mazelas. Pois acho que isso é positivo. Só falta – depois de rir – tomar alguma providência, não é?

Pois então. Ficou pronta uma nova melô. A Melô do Sarney, claro. Esse é o grande tema que domina o terceiro trimestre deste ano, revelando ao Brasil a infinita capacidade que o poder tem de atrair. Inebriar. Cegar. Corromper.

Mas não quero ser mais um a discutir esse tema. Prefiro recorrer a Willian Shakespeare que demonstrou sua genialidade ao esgotar o assunto numa frase: “A política está acima da consciência.”

Minha contribuição à discussão está abaixo. A melodia é de “Bastidores” de Chico Buarque. A esculhambação da letra é minha. Arranjos e interpretação de Sérgio Sá. Coreografia e manipulação dos bonecos pela Cia Truks. E produção de vídeo pela Casa de Vídeo, com sonoplastia de Lalá Moreira.

Mostrei para um amigo bem mais velho e conservador que disse: “isso é molecagem”. Foi quando tive certeza de que a Melô estava pronta.

Com vocês, a Melô do Sarney

Melo do Sarney

Chorei, chorei
Até ficar com dó de mim
E me tranquei no camarim
Tomei o calmante, o excitante
E um bocado de gim

Amaldiçoei
O dia em que te conheci
Ocê chegô do Maranhão
Com um bigodão
O jaquetão, os filhão, o mãozão

Sarney, Sarney
Porque é que ocê faz assim?
Foi censurar o Estadão
E botou o suplente
A caçoar de mim

Nem vou piscar
Na hora que eu for votar
Votar pra me certificar
Que ocê nunca mais vai voltar,
Vai voltar, vai voltar

Sarney, Sarney
Até o Collor disse sim
E o dedo sujo do Renan
Tremo de pensar
Que vai encostar em mim

Lá no Amapá
Tem gente que não qué ocê lá
Também não qué no Maranhão
Nem no Piauí, Ceará,
Tocantins, ou Pará

Sarney, Sarney
Tem pena do meu dinheirim
Só sei que todos os mané
Vão aplaudir de pé
Quando chegar o fim

Sarney, Sarney
Se ocê ficar, tem dó de mim


Nota do Editor: Luciano Pires (www.lucianopires.com.br) é jornalista, escritor, conferencista e cartunista. Faça parte do Movimento pela Despocotização do Brasil.

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