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Opinião
05/09/2009 - 12h00
A crise da Educação
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A formação dos professores é uma das graves vertentes que lançam nuvens negras sobre o futuro do ensino brasileiro. Requer muita reflexão e profundas medidas que devolvam o indispensável equilíbrio à classe. Segundo a tabulação do ENADE (Exame Nacional de Desempenho do Estudante), um em cada quatro futuros professores forma-se em curso ruim. Especialistas dizem que o fenômeno ocorre, em parte, porque o curso de Pedagogia é o que menos exige preparo dos candidatos e, por essa razão, é o preferido dos vestibulandos que vêm dos ciclos básicos com deficiência de formação. Culpa-se também o currículo de Pedagogia por dar muita teoria e pouca prática e, com isso, não conseguir estabelecer a ligação entre o formando e uma sala de aula como as que terá de enfrentar no seu dia-a-dia profissional.

Essa triste realidade agora apurada é apenas o resultado de muitos anos de enganos, políticas inadequadas e até politicalhas praticadas na área de Educação. Governos irresponsáveis deixaram de cumprir suas obrigações e, durante certo tempo, ampliaram a oferta de vagas nos diferentes níveis escolares sem ampliar igualmente os investimentos. Deixaram proliferar cursos particulares dos diferentes níveis, sem fiscalizá-los quanto à eficiência e à correta aplicação dos currículos, permitindo que a Educação, um dos pilares básicos de qualquer país, em vez de uma séria opção de desenvolvimento, se tornasse apenas um produto mercantil.

Justamente pela falta de investimento, as escolas, de uma forma geral, foram se transformando em aglomerados onde o saber não era mais exigido como antes. Com salários achatados, os professores passaram a ter dois, três ou até quatro empregos para, com a soma, conseguirem auferir algo que lhes pudesse garantir uma vida menos miserável. Foi aí que a sociedade perdeu aqueles professores que os alunos tinha prazer de ouvir por horas a fio ou pelo menos o faziam na certeza de que isso era bom para adquirir conhecimento. Transformado em máquina de produzir horas-aula e, com isso ganhar o dinheiro necessário ao sustento de sua família, o professor não tem mais condição de fazer cursos de atualização e nem de ser alguém contextualizado com o mundo em que vivemos. Não tem vida social, cultural e nem se relaciona com o mundo, pois precisa “matar um leão por dia” para evitar ser atropelado pelas contas. Vivemos hoje uma época em que os novos professores já são formados por aqueles que começaram a trabalhar sem poderem se atualizar. A bola-de-neve está lançada na ribanceira...

De nada adianta, agora, o responsável pelo caos, em atos demagógicos, apenas forçar e punir as escolas. Os governos têm a obrigação de investir na área, em salários, em tecnologia e, ai sim, exigir que os professores, dirigentes e até o alunado tenham bom desempenho dentro das escolas. É uma tarefa gigantesca, que precisa, urgentemente, ser executada. Há que se devolver ao professor aquelas condições que no passado o faziam orgulhoso de sua profissão, para, com isso, evitar a catástrofe, que já se avizinha. O mundo moderno exige profissionais, cada dia, mais competentes e preparados. Formá-los inadequadamente é um verdadeiro estelionato que furta não só tempo e dinheiro, mas também a esperança. Pior do que não ter diploma, é não saber o que dele fazer. E, hoje em dia, infelizmente, muitos dos formados já não o sabem...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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