Ave pernalta conhecida em toda a América do Sul, muito tradicional nos campos do Rio Grande do Sul. Fora deste estado, pode ser chamada de téu-téu, tero-tero e outros nomes. Duas características dessa ave são: o topete que apresenta na nuca e os esporões, ou ferrões, que possui na ponta das asas. Mora em geral nas baixadas, nas costas de restingas e nas proximidades de banhados e lagoas. Pousa somente no solo, nunca em árvores ou postes. Está em permanente vigilância e, quando da aproximação de qualquer criatura, emite e repete um som onomatopaico e estridente que lembra a palavra quero. Para defender seu ninho e filhotes, vai gritar longe do local onde estes se encontram, despistando, assim, possível perigo. No entanto, defende com coragem quem deles se aproximam, quer animais, quer homens, fazendo voos rasantes sobre os mesmos, exibindo ameaçadoramente as puas nas pontas das asas. O quero-quero se tornou um símbolo gaúcho, como bem o definiu de “eterna sentinela das coxilhas” o poeta Clemenciano Barnasque. Luís Carlos Barbosa Lessa, um dos pródromos do Movimento Tradicionalista Gaúcho, compôs uma valsa intitulada Quero-Quero, com esta letra: Quero-quero! Quero-quero! / Quero-quero gritou lá em cima, / Quero-quero quando grita / É porque alguém se aproxima. / Quero-quero no meio da noite / Gritou quando viu alguém se aproximar. / Eu, também, na noite da vida, / Enxerguei essa luz que vem de teu olhar. / Mas agora, gauchinha, / Eu grito com todo fervor: / Quero-quero! Quero-quero! / Quero, quero o teu amor! São interessantes as estradas vicinais do pensamento, que bifurcam da idéia central, ou principal. Sentei-me junto ao computador para digitar mais uma crônica. O assunto atual (junho 2009) ao que me reportaria, seria a CPI da Petrobras. Comentários políticos e noticiosos veiculam possíveis irregularidades, envolvendo consideráveis somas. Mas, o que se vê e se ouve nas últimas semanas são possíveis problemas que estão ou estariam ocorrendo no Senado brasileiro. Pronto! Saí da estrada e me bandeei para os quero-queros. “Para defender seu ninho vai gritar longe, despistando, assim, possível perigo”. Que coisa! Como eu posso ser tão frágil na direção do meu pensar. Escreveria sobre o Senado e sobre a Petrobras. Eis que os quero-queros aparecem. E antes que eu leve algum puaço, vou finalizando. Afinal, Petrobras, Senado e quero-quero não têm nenhuma interligação. Despeço-me cantarolando a canção regionalista: “Quero-quero gritou lá em cima”...
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