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Opinião
17/09/2009 - 10h05
Argumentos emocionais
Luciano Pires
 

Sou um dos imbecis que julgam o Bolsa Família um programa assistencialista criado para comprar votos. Vamos ao caso.

No Ceará, o Sindicato da Indústria Têxtil fechou um acordo com o governo para coordenar um curso de formação de costureiras. O governo exigiu que o curso atendesse exclusivamente um grupo de 500 mulheres cadastradas no Bolsa Família. O Senai formaria as costureiras e o Sinditêxtil enviaria o cadastro das formandas às inúmeras indústrias do setor. Pois bem. O curso, com 120 horas/aula, foi concluído e os cadastros enviados às empresas, que começaram as contratações. Sabe quantas costureiras foram contratadas?

Nenhuma. Zero. Nada.

Por estarem incluídas no Bolsa Família, todas se negaram a trabalhar com carteira assinada, pois perderiam direito ao subsídio. Para elas, o Bolsa Família é um benefício que não pode ser perdido. É para sempre. Entre o emprego e o Bolsa Família, escolheram o Bolsa.

Tem alguma coisa errada, não é? No entanto, qualquer argumento racional que conteste o Bolsa Família é desqualificado pelos argumentos emocionais dos que o defendem.

Deixe-me esclarecer os tais argumentos emocionais. Quem procura um apartamento para comprar, examina as evidências racionais sobre a localização, o tamanho, valor do condomínio, trânsito, preço, acabamento e ao final decide se está diante de um bom negócio. Das evidências, tira a conclusão. Enquanto isso o corretor de imóveis utiliza argumentação emocional para convencer o interessado a comprar o apartamento que ele (o corretor) quer vender. Aliás, não apenas comprar, mas comprar já!

As conclusões que para o interessado vêm da análise das evidências, para o corretor são o ponto de partida da argumentação. Da conclusão (a compra do apartamento que ele está vendendo) ele monta a argumentação e apresenta as evidências. Achou o apartamento pequeno? Ele mostra outros menores e mais caros. É longe? É, mas o trânsito é tranquilo. O valor do condomínio é alto?

É, mas a garagem é grande. Quer um tempo para pensar? Hummm... tem uma lista de gente querendo comprar exatamente aquele que ele mostrou. E assim por diante. O poder persuasivo do argumento emocional leva o comprador à conclusão que o vendedor quer. E quanto mais emocionais forem os argumentos, mais difícil fica escapar deles. Principalmente se o comprador é ingênuo.

Políticos são campeões na utilização de argumentos emocionais. E Lula é o campeão dos campeões. Ele coloca no palanque uma menininha que foi salva de morrer de fome pelo programa Bolsa Família, levando a platéia às lágrimas. O argumento emocional é imbatível. E qualquer um que se atrever a criticar o programa imediatamente assume o custo de ter que explicar que não é a favor da fome.

Diante da menininha salva da morte, o caso das 500 costureiras do Ceará é nada.

Essa é a mesma técnica dos que transformam religião em negócio cegos pelos argumentos emocionais, os "fiéis" não usam a razão e passam a acreditar em milagres no atacado.

Argumentos emocionais são eficientes por serem rapidamente compreendidos pelos que não conseguem ir mais fundo que a análise rasa dos fatos.

Pelos que tem certeza.

E eu que não tenho certeza de nada, sou só um imbecil.


Nota do Editor: Luciano Pires é jornalista, escritor, conferencista e cartunista. Faça parte do Movimento pela Despocotização do Brasil, acesse www.lucianopires.com.br.

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