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SEÇÃO
Crônicas
17/09/2009 - 18h07
Momentos
Paulo Pereira da Costa
 

A vida são momentos, são fases. Partindo dessa premissa, pode-se dizer que viver bem consiste em saber aproveitar cada momento, cada fase. Como isso é possível se há momentos maçantes, outros tristes, outros desagradáveis, fases ruins etc.? Penso que é preciso ser meio garimpeiro, pegar cada situação por inteiro, esmiuçá-la, ver os detalhes, encontrar sua essência, extrair o que tem de melhor e descartar o que não tem valor. Captar os pontos positivos dos momentos adversos e aproveitar ao máximo os agradáveis requer certa sensibilidade. Há que se viver cada momento conforme as suas exigências; ter noção do quando, do onde e do como, saber a combinação correta do trinômio tempo / lugar / ação. Certos momentos são preciosos demais e devem ser verdadeiramente gozados, usufruídos, e não simplesmente suportados ou tolerados. Mente limpa e bom estado de espírito são fundamentais, pois evitam interferências, não deixam que um momento seja prejudicado por questões que não lhe dizem respeito e que devem ser tratadas em outras horas e/ou locais, afastam influências negativas, ajudam a obter de cada momento o que de melhor ele pode proporcionar. Quem gosta de ler, por exemplo, sabe que não dá para sentir o prazer da leitura se a mente está dispersa, tomada por pensamentos alheios. Não é raro, quando estou lendo um livro, ocorrer de, terminada uma página, precisar ler outra vez por não ter captado quase nada em razão da falta de concentração. A mente tem de estar voltada para o que a gente está fazendo. Mas o pensamento é rebelde, quer liberdade e às vezes é difícil fazê-lo aquietar-se.

Problemas de naturezas diversas devem ser abordados em momentos e locais distintos. Cada um tem de ser deixado no seu lugar e esperar a sua vez. A soma do peso dos nossos problemas pode ser maior do que as nossas forças. Assim, querer carregá-los conosco, juntos e o tempo todo, é impossível. Colocar num momento coisas com que devemos nos ocupar em outro momento cria sobrecarga, e aí entramos em pane. Muitas vezes passamos por momentos que não gostaríamos de passar, embora esteja tudo em ordem conosco. São ocasiões em que abdicamos da busca do prazer pessoal para ajudar a melhorar o momento de outras pessoas. Não deixa de haver certa satisfação em ajudar a reduzir a dor de alguém. Se conseguirmos a conjunção do que queremos fazer com o que é necessário fazer, no momento certo de fazer, então podemos ter certeza de que estamos aproveitando a vida. Admiro aquelas pessoas que têm problemas acima da média, sejam pessoais, familiares etc., mas que são amáveis e atenciosas, e respondem "tudo bem" quando lhes perguntam como vão. Ou seja, tentam não deixar questões de uma esfera prejudicarem outras. Não se tornam pessoas desagradáveis no trabalho, por exemplo, por terem um problema em casa, ou vice-versa.

Tenho um amigo de origem humilde que trabalhou como garçom para bancar a faculdade de engenharia. Seguindo a máxima "pensar o futuro vivendo o presente", não era como engenheiro que ele se deslocava entre as mesas para servir as pessoas, mas como garçom, pois na sequência lógica dos acontecimentos era isso o que lhe pedia o momento presente, e ele fazia de bom grado. No tocante a aproveitar oportunidades, dizem que o cavalo arreado só passa uma vez; perdeu, dançou. Acho isso uma besteira. O tal ditado vale para os “oportunistas”, na acepção negativa do termo, não para os lutadores. Quem está disposto a lutar pelo que quer, não fica esperando a oportunidade aparecer: persegue-a e muitas vezes até a cria. Quando o momento não é bom, o que se deve fazer é o necessário para mudá-lo. Não se pode, porém, deixar passar um bom momento sem aproveitá-lo, pois, em se tratando desses que não dependem de nós, não há nenhuma garantia de que se repetirão. Nunca é demais observar que certos momentos são perfeitos e a gente ou não percebe ou só se dá conta depois que se vão. Bom momento não é sinônimo de tudo a contento, de tudo cem por cento. Não é preciso tanto assim para que a pessoa se sinta no seu elemento. Pelo menos para mim, não. Gosto de andar a pé na calçada, despreocupado, de chinelos, a mente em sossego, domingo cedo; de desfrutar o aconchego do lar; de ouvir a Bruna Caram; de respirar o ar fresco e limpo da manhã ensolarada, resplendorosa, que se abre após uma noite chuvosa; de tomar café bem quente; de vinhos baratos; de presentear os pés, no fim do dia, com aquela sensação gostosa que vem ao tirar os sapatos...

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