A dor já é considerada, em diversos hospitais de todo o mundo, o quinto sinal vital, a ser avaliado durante o período de internação hospitalar, ao lado da frequência respiratória, frequência cardíaca, pressão arterial e temperatura. “Por isso, nos dias atuais, a presença da dor não é tolerada como antigamente. É fundamental que toda equipe esteja atenta a este sinal vital, para que possa adotar uma conduta de alívio adequado, minimizando o sofrimento para o doente. É muito importante a conscientização de que o tratamento adequado da dor é possível, sendo um direito do paciente e um dever dos que prestam assistência, principalmente no ambiente hospitalar”, alerta Drª Daniela Santos Medeiros da Silva, Coordenadora do Grupo de Dor do Hospital IGESP. Hoje a dor tornou-se um problema de saúde pública mundial, apresentando incidências de até 40% em algumas populações, nas diferentes faixas etárias. É o principal sintoma de alerta que leva o paciente a procurar assistência médica e afeta, pelo menos, 30 % dos indivíduos durante algum momento da sua vida e, em 10% a 40% deles, tem duração superior a um dia. Minimizar a dor em quadros clínicos agudos ou crônicos é um desafio para os profissionais de saúde. Dentro da sua atual política de humanização no tratamento de seus pacientes, o Hospital IGESP tem investido em um trabalho diferenciado e há dois anos implantou o Grupo da Dor. “Atuamos em esquema de plantão 24 horas e podemos ser acionados a qualquer momento, caso os procedimentos habituais adotados não consigam amenizar a dor dos pacientes internados”, detalha Drª Daniela. A novidade é que, a partir de agora, esta equipe iniciou um programa de divulgação junto ao corpo clínico, através de encontros direcionados que visam demonstrar como o serviço pode ser desenvolvido de uma forma multidisciplinar no pós-operatório e em pacientes com doenças graves, como câncer, quando a dor se manifesta de uma forma mais intensa. “Nesta etapa do trabalho o objetivo do Grupo é mostrar os protocolos de tratamento, suas aplicações e dar a toda equipe - médicos e enfermeiros - alguns procedimentos de referência que possam orientar a conduta mais adequada nos diferentes tipos e níveis de dor. Hoje já temos resultados positivos nesta iniciativa no hospital. Mas a proposta é ampliar este atendimento”, explica. O caminho da dor A dor é multifatorial e, portanto, engloba componentes sensoriais e afetivos. Quando não aliviada adequadamente, compromete diferentes órgãos e sistemas, podendo acarretar o agravamento do estado de saúde, principalmente nos períodos de maior fragilidade como durante a hospitalização. “Todos os tipos de dor podem e devem ser tratados, da maneira mais precoce possível, favorecendo assim a evolução e o prognóstico do paciente, evitando complicações. É também um importante critério de alta hospitalar”, observa Drª Daniela. Aguda ou transitória, crônica - quando se estende por período maior - ou recorrente, com períodos de curta duração, a dor é uma experiência individual, ressalta Drª Daniela. “Por isso podemos lançar mão de diferentes tipos de tratamentos, com diferentes respostas em cada paciente. Atualmente existem também, além das terapias medicamentosas, uma grande variedade de procedimentos minimamente invasivos para o tratamento e alívio da dor. A opção terapêutica deve ser sempre multiprofissional, lembrando dos tratamentos auxiliares que devem ser associados, como fisioterapia, acupuntura, psicologia, entre outros. O objetivo é o restabelecimento do doente em suas funções orgânicas e psíquicas e, finalmente, a diminuição do sofrimento.
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